* Nelson Motta
Em plena era da internet e dos celulares, da comunicação instantânea, pagos pelo contribuinte, o Senado emprega centenas de contínuos, para entregar papéis que podem ser mandados por e-mail. São batalhões de copeiras, para fazer cafezinho, quando qualquer boteco tem máquinas de café expresso tão fáceis que até um suplente de senador pode usar sozinho. Só os garçons são insubstituíveis.
Se a gráfica do Senado fosse vendida e a Casa pagasse pela impressão das cotas a que cada senador tem direito na gráfica mais cara de Brasília, os gastos cairiam a uma fração dos atuais. Pensando bem, é melhor nem sugerir, o pessoal já vai pensar nas comissões que as gráficas pagarão pelo apoio. Quase tudo que a gráfica do Senado imprime poderia ser só publicado no site da Casa e aberto ao público. É mais barato e mais seguro do que papel, que apodrece.
Mas o símbolo máximo do anacronismo do Senado é a Divisão de Taquigrafia, com centenas de funcionários de carreira, e outros tantos terceirizados, que taquigrafam as sessões no plenário e nas comissões.
Qualquer gravadorzinho digital de camelô, ou mesmo um celular, registraria até os suspiros, fungadas, engasgadas e outros ruídos do orador. Depois é só ouvir e transcrever.
A carreira de taquígrafo deveria ser substituída pela de “degravador”.
É algo tão antigo que ninguém com menos de 25 anos sabe o que é. Só se viu no Google.
Na era dos celulares e dos telefones móveis, o Senado deve abrigar uma legião de telefonistas. E, nos elevadores automáticos, ascensoristas, para apertar o botão dos andares. Os senadores têm até cota mensal de telegramas, que hoje vão todos por email, e os Correios entregam em casa.
Só faltam os mensageiros a cavalo.
A corrupção e o atraso formam um par perfeito, os vícios do Senado alimentam os seus anacronismos.
E vice-versa.
* NELSON MOTTA é jornalista
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