Briga interna no P-Sol leva Protógenes a ensaiar candidatura à Câmara pelo PDT
Yan Boechat, de São Paulo
Disposto a dobrar sua bancada paulista na Câmara dos Deputados, o PDT começa a colocar em prática a estratégia de trazer para o partido potenciais candidatos com forte apelo popular. O alvo principal da sigla no momento, que já filiou cantores sertanejos e ex-jogadores de futebol, é o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que aproximou-se do P-Sol ao ser afastado do comando da Operação Satiagraha. O PDT tem aproveitado divergências internas no partido da ex-senadora Heloísa Helena para cortejar o delegado, que está decidido a ser candidato a deputado federal por São Paulo.
O PDT garante que falta pouco para que Protógenes assine a ficha de filiação do partido. De acordo com dirigentes da sigla, o delegado aguarda apenas alguns detalhes para anunciar sua filiação e a intenção de candidatar-se pelo PDT. "Desde que as coisas esfriaram no P-Sol somos nós que estamos bancando as passagens para ele viajar pelo país", diz um integrante da executiva do PDT. O deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, já conta com o delegado entre os candidatos pedetistas à Câmara em 2010. "Está tudo certo, ele será candidato do PDT", diz o parlamentar.
O P-Sol, por sua vez, garante que Protógenes não desistiu de filiar-se a sigla. De acordo com dirigentes do partido o delegado que comandou a Operação Satiagraha ainda não definiu por qual sigla sairá candidato. "O PDT está cantando vitória antes da hora, as coisas não são bem assim", afirma um integrante da executiva nacional do P-sol. "Ele nos garantiu que só tomará uma decisão em setembro".
Protógenes Queiroz estava decidido a ser candidato à Câmara dos Deputados pelo P-Sol paulista. Mas divergências internas no partido em torno do seu nome abriram espaço para que o delegado iniciasse conversas com o PDT e também com o PCdoB. O foco principal das desavenças no P-Sol é o entendimento do deputado federal Ivan Valente (SP) de que uma candidatura de Protógenes poderia ameaçar sua reeleição. "O Ivan não se coloca contra, mas ao mesmo tempo não dá a acolhida calorosa que deveria dar", diz um representante do partido. Integrantes do P-Sol têm tentado convencer Ivan Valente de que Protógenes Queiroz pode ter uma votação recorde no Estado e, assim, facilitar sua reeleição. "As conversas estão ocorrendo, mas ainda não há uma sinalização de que o deputado tem a mesma interpretação de outras lideranças do partido", afirma um dirigente.
O presidente da Força Sindical e principal nome do PDT em São Paulo também tem interpretação diferente da executiva do P-Sol. Paulinho, que está negociando pessoalmente com Protógenes sua filiação ao partido, não acredita que o delegado sairá das eleições com uma votação arrebatadora. "Sinceramente não acredito que ele terá tantos votos assim, ele é desconhecido entre as classes mais baixas e uma boa parte da classe média o rejeita", diz o deputado. "Ele se elege com facilidade, mas não passa dos 200 mil votos".
Apesar de, publicamente, não acreditar que Protógenes possa ser um candidato com potencial para votação recorde, o delegado da Polícia Federal é peça-chave na estratégia do PDT de ampliar sua bancada com a ajuda de celebridades populares. Além dele, o partido aposta em comentaristas esportivos, ex-jogadores de futebol e cantores de música sertaneja para dobrar o número de deputados federais eleitos em 2010.
Hoje o PDT de São Paulo conta com apenas três parlamentares na Câmara, onde tem a sétima maior bancada, com 25 deputados. "Acho que podemos eleger até seis parlamentares no ano que vem", diz Paulinho, que ainda não tem claro quem o partido vai apoiar nas eleições majoritárias para o governo do Estado e para a Presidência da República. "O cenário está indefinido, se o Aécio sair candidato acredito que boa parte da Força Sindical o apoie", diz o deputado, que pretende ser candidato ao Senado.
Por enquanto quatro candidatos de apelo popular estão confirmados para atuarem em dobradinha para a Câmara e para a Assembleia Legislativa pelo PDT em São Paulo. No segmento musical a dupla de música sertaneja Gian e Giovani vai disputar a eleição também em parceria. Giovani concorrerá como candidato a deputado federal e seu irmão Gian como deputado estadual. A dupla tem mais de 20 anos de carreira, lançou 16 álbuns e já vendeu centenas de milhares de discos. "Eles serão bons puxadores de votos, não há dúvida disso", diz Paulinho, empolgado com a estratégia desenhada pelo partido
Já na área esportiva o PDT buscou dois ídolos da torcida corinthiana para turbinar sua votação em São Paulo. Concorre para deputado federal o ex-goleiro corinthiano e hoje comentarista esportivo da "Rede TV" Ronaldo Giovanelli. Ele terá como companheiro de chapa um colega dos tempos de futebol, o ex-atacante do Corinthians Dinei, que concorreu à Câmara de Vereadores de São Paulo nas eleições de 2008 também pelo PDT. Com o bordão "Corinthiano vota em Corinthiano", Dinei teve cerca de 22 mil votos. Não se elegeu.
Fonte: Valor.
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