quinta-feira, abril 16, 2009

A guerra da mineração

Enquanto Eike Batista tenta vender minas de ferro para grupos chineses, seus adversários se movimentam para barrá-lo, em nome do interesse nacional

Caminhões exploram jazidas: no Brasil, Congresso pode vir a rediscutir o controle do subsolo

Faça as contas. A cada ano, o Brasil exporta US$ 16 bilhões em minério de ferro. É o carro-chefe da balança comercial brasileira, que tem como principal cliente a China. E o maior comprador do Brasil está tentando obrigar a Vale, líder global em exportações, a reduzir em 40% o preço do produto. Numa matemática simples, o Brasil perderia US$ 6,4 bilhões se os chineses vencessem a queda-de-braço. Ao mesmo tempo, grupos asiáticos, em especial a Chinalco, estão avaliando a compra de uma mineradora criada pelo empresário Eike Batista.

A MMX, que pertence ao homem mais rico do Brasil, dono de um patrimônio já superior a R$ 25 bilhões, está sendo oferecida a empresas do outro lado do mundo. este movimento de Eike deflagrou uma guerra surda em torno da mineração, que pode até trazer de volta a discussão sobre o caráter estratégico do subsolo. empenhado em vender seus ativos, Eike falou com exclusividade à dinheiro. "estou vendendo um Fusca, algo que não é estratégico para o país", disse ele (leia a entrevista abaixo).

Mas não é assim que pensam seus concorrentes. A Vale é contra a operação, muito embora não se manifeste oficialmente sobre o tema. o instituto Brasileiro de mineração, por sua vez, é incisivo. "se isso acontecer, vai vilipendiar a nossa competitividade", diz o presidente da entidade, Paulo Camilo Penna. "estamos falando de ativos estratégicos do ponto de vista comercial." o mal-estar transborda as fronteiras da mineração nas últimas três reuniões do instituto Brasileiro de siderurgia, o presidente Flávio Azevedo mencionou a questão de forma pouco amistosa.

O temor é de que, tendo acesso ao minério brasileiro de boa qualidade, os chineses comecem a subsidiar sua própria siderurgia e passem a tomar espaço do Brasil no mercado externo. Até mesmo a Federação das indústrias de São Paulo acompanha a movimentação. "A China não é uma economia de mercado e, por vezes, adota práticas desleais de comércio", diz o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. "mas se eles vierem aqui para investir serão bem-vindos."

O debate em torno da questão mineral, aos poucos, chega ao meio político. na câmara dos deputados, o deputado Brizola neto (PDT-RJ) pretende incluir nas negociações sobre a reforma tributária a discussão do novo marco regulatório das minas, o que pode retomar a questão do capital estrangeiro. o setor foi aberto a investidores internacionais em 1995, depois de intensos debates no Congresso. "mas o mundo mudou e essa não é uma briga ideológica", diz o deputado. "o que importa é defender a balança comercial brasileira e a solidez da economia nacional." Órgão encarregado de vigiar o setor, o departamento nacional de produção mineral não tem poderes para vetar a transação de Eike. mas o diretor de fiscalização do DNPM, Walter Arcoverde, não esconde sua preocupação.

"Vender ativos importantes para os chineses é abrir mão de uma receita essencial para a manutenção das contas externas." no governo federal, no entanto, o tema ainda não entrou na lista de prioridades. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que esteve envolvida em várias discussões empresariais nos últimos anos, hoje parece mais engajada na sua pré-campanha presidencial. no ministério de minas e energia, o ministro Edison Lobão parece estar em cima do muro. "hoje, não podemos fazer nada porque a legislação brasileira permite esse tipo de operação", disse ele à dinheiro. "mas o marco regulatório está em estudo e pode ser modificado."
Enquanto isso, do outro lado do mundo, esse mesmo debate está incendiando a Austrália, um país onde 10% do piB vem da mineração e onde uma das empresas locais, a rio tinto, vem sendo assediada pela Chinalco. Quem lidera a oposição à venda é o senador Barnaby Joyce. "se os chineses nunca nos deixariam ter acesso aos recursos naturais deles, por que devemos fazer o inverso?", indaga. os australianos estudam até ajudar outra empresa local, a BHP, a comprar a rio tinto.

Acompanhando tudo isso de perto, Eike tem pressa. Quer vender sua mineradora antes que essa mesma discussão esquente no Brasil. não por acaso, as ações da sua MMX estiveram entre os grandes destaques da Bovespa nas últimas semanas, pois os investidores apostam que o governo brasileiro não colocará nenhum obstáculo ao imenso apetite chinês por recursos naturais.

"Isso aqui não é estratégico"
Por Leonardo Attuch

O empresário Eike Batista, homem mais rico do Brasil, falou à DINHEIRO sobre sua intenção de vender sua mineradora para grupos chineses e prometeu que eles trarão uma siderúrgica para o Rio de Janeiro. Leia a seguir.

DINHEIRO - É bom para o Brasil vender minas aos chineses, que querem derrubar o preço do produto?
EIKE BAT ISTA - Nós compramos áreas em Minas Gerais e pagamos cerca de US$ 500 milhões. Depois, gastamos mais US$ 200 milhões para desenvolver as jazidas. Isso tem um valor. Se eu conseguir vender aos chineses, vou estar antecipando esse dinheiro hoje.
DINHEIRO - Mas a Austrália, por exemplo, estuda vetar a venda de uma grande mineradora para os chineses, alegando interesses nacionais.
EIKE - A Austrália é uma mina gigante, com reservas infinitas ao lado deles. Mas se os chineses vierem para o Brasil, não estarão levando as minas de graça. Além disso, eles têm o compromisso de implantar uma grande siderúrgica no porto do Açu, no Rio de Janeiro.
DINHEIRO - A venda da MMX fica condicionada à vinda de uma siderúrgica?
EIKE - Fica. A discussão do pacote é a venda da empresa vinculada à vinda de uma siderúrgica. E um dos sonhos do presidente Lula é criar uma ponte com a China para que indústrias de lá venham para cá e não apenas exportem seus produtos para cá.
DINHEIRO - Se eles tiverem acesso ao minério brasileiro, não terão também o poder de fixar o preço?
EIKE - Não. Por quê? Se você me perguntasse o que é estratégico e me pedisse para tirar o chapéu de homem de negócios, para pensar apenas como brasileiro, eu responderia que estratégicos são ativos com vida ilimitada, como Carajás. Estratégico é o urânio. Mas não nossas minas, que vão gerar 33 milhões de toneladas em 20 anos. Esse dinheiro vem para o Brasil e vai desenvolver outros negócios, como nosso porto.
DINHEIRO - Mas não há uma confusão entre o interesse do seu acionista e o interesse do País?
EIKE - Mas isso pode ser dito para qualquer ativo. Feliz eu se conseguir fazer essa operação, porque, caso contrário, eles farão com os australianos. O mais importante, no mundo de hoje, é conseguir vender seu produto.
DINHEIRO - Mas não existe escassez de minério. A Vale está fechando minas.
EIKE - Por isso o importante é conseguir um cara que compre 20 anos de minério, pagando hoje. Além disso, os chineses vão investir mais para colocar as minas em produção, vão pagar Imposto de Renda e vão contratar funcionários brasileiros. E vão botar uma siderúrgica aqui. Aliás, você sabia que várias siderúrgicas chinesas têm pedaços de minas da Vale? E que a CSN também vendeu minas para os japoneses?
DINHEIRO - Mas o sr. não concorda com o fato de que a Vale, uma empresa nacional, tem o poder de fixar o preço do minério, que carrega a balança comercial brasileira?
EIKE - Hoje, não mais. Num mercado aquecido era de um jeito, agora mudou. Isso vale para qualquer coisa, até mesmo para automóvel. Eu queria comprar um Honda Fit e tinha ágio. No caso do minério, os volumes são muito grandes. Todos sempre vão depender da Vale e o que eu estou vendendo é um Fusca.
DINHEIRO - Mas esse Fusca não será vendido junto com o porto financiado pelo BNDES, dando condições logísticas ainda melhores aos chineses?
EIKE - Não. No porto, o controle ficará comigo. E também não vou vender a OGX, de petróleo, nem a MPX, de energia térmica, e vou investir em indústria naval. No minério, eu estou vendendo, mas não sou um gringo que pega o dinheiro e manda para as Ilhas Cayman. Esse dinheiro fica incorporado ao patrimônio brasileiro, alavancando outros projetos do grupo.
DINHEIRO - E se os chineses quiserem vender o minério mais barato para suas indústrias?
EIKE - Isso não pode. Existe uma coisa chamada preço de transferência. Eles vão sempre pagar o preço de mercado. Senão, o Banco Central não deixa.
DINHEIRO - Mas eles fixarão o preço de mercado e enfraquecerão a Vale.
EIKE - Então você está dizendo que a Vale não pode ter um concorrente?
DINHEIRO - Pode, mas precisa ser chinês?
EIKE - É fácil conectar isso a um assunto estratégico e nacionalista. Mas se você estivesse falando de urânio para fazer bomba, era uma coisa. Fosfato também é de interesse nacional. Mas isso aqui é outra coisa. Não somos nada perto da Vale.
" A venda da MMX está condicionada à vinda de uma siderúrgica chinesa para cá"
" Não sou um gringo que quer vender a empresa e mandar o dinheiro para as Ilhas Cayman "
" Será que a Vale não pode ter um concorrente? Não somos nada perto deles. Somos um Fusca "

terça-feira, março 24, 2009

Estado do Carajás












Conheça o site clicando na imagem.

sexta-feira, março 13, 2009

STF suspende novas eleições em Santarém

STF suspende novas eleições em Santarém


Pleito suplementar agora depende de que a Corte julgue o recurso apresentado pela prefeita

Ellen Gracie concedeu liminar em favor da procuradora reeleita para o cargo no Executivo


A ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar para suspender as eleições suplementares em Santarém (PA), marcadas para 5 de abril. Um novo pleito no município está suspenso até que a corte julgue recurso apresentado pela prefeita reeleita em outubro, Maria do Carmo Martins Lima (PT), contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassou o registro de sua candidatura, sob o fundamento de que por ser promotora de Justiça licenciada a petista não poderia exercer atividades político-partidárias.

O caso desperta interesse no Ministério Público porque poderá servir de parâmetro para futuras pretensões de promotores e procuradores em todo o país que tenham pretensão de se candidatar a cargos públicos. A Reforma do Judiciário, que entrou em vigor em dezembro de 2004, veda a participação de juízes e integrantes do Ministério Público em disputas eleitorais. Estão ressalvados apenas os casos de quem ingressou na carreira antes da Constituição de 1988. Maria do Carmo virou promotora no Pará em 1990. A defesa dela alega, no entanto, que a prefeita de Santarém estava no exercício do mandato em 2004 quando o Congresso aprovou a proibição. Tirar o direito de sua reeleição seria uma forma indireta de cassação de mandato.

O assunto é controverso no próprio Ministério Público, tanto que o procurador regional eleitoral do Pará, Ubiratan Cazetta, foi contra o registro da candidatura da prefeita. Mas cresce um movimento nas associações representativas do Ministério Público favoráveis à defesa do direito adquirido de todos que já eram promotores estaduais ou procuradores da República em dezembro de 2004, quando a Reforma do Judiciário entrou em vigor. O caso de Maria do Carmo não abarca essa tese, mas poderá servir de debate no Supremo sobre os limites da restrição.

Entre os defensores do registro da candidatura de Maria do Carmo, há uma expectativa de que pelo menos seis ministros do Supremo já teriam uma opinião formada sobre o tema. Ex-procuradora da República, Ellen Gracie concedeu a liminar em favor da ex-prefeita, mas é considerada um voto contrário à manutenção do registro, assim como outros dois ministros oriundos do Ministério Público, Joaquim Barbosa e o presidente do STF, Gilmar Mendes. São contabilizados como possíveis votos favoráveis os dos ministros Cezar Peluso, Carlos Ayres Brito e Eros Grau. Os dos cinco demais integrantes do STF ainda são apontados como uma incógnita.

No Distrito Federal, há um caso idêntico, o do deputado distrital Chico Leite (PT), que também entrou no MP depois da Constituição e já era parlamentar em dezembro de 2004. Na última eleição, ele conseguiu o registro sob o fundamento do direito adquirido. Se Maria do Carmo tiver o registro negado no STF, o distrital petista poderá ser afetado também nas suas pretensões eleitorais em 2010. Ele, no entanto, já decidiu que vai se desligar do Ministério Público, caso seja obrigado a fazer uma opção.

Enquanto o assunto é discutido na Justiça, o tema está parado no Congresso. Uma emenda à Reforma do Judiciário, de autoria do senador Demostenes Torres (DEM-GO), que também é procurador de Justiça, estabelece que a vedação só vale para quem entrou no Ministério Público depois de dezembro de 2004. O texto foi aprovado no Senado, mas está parado há quatro anos na Câmara. Não há interesse político de tratar da questão porque a nova Reforma do Judiciário levanta temas considerados espinhosos no meio parlamentar, como o foro privilegiado.

A emenda de Demostenes tem o apoio do presidente do Conselho Superior do Procuradores-gerais de Justiça dos estados e da União, Leonardo Bandarra, do presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), José Carlos Cosenzo, e do presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Antonio Carlos Bigonha.

Fonte: Correio Brasiliense.

sábado, fevereiro 28, 2009

CNA cobra ação contra crimes do MST

Kátia: 'MST é ilegal e pratica crimes em série'

Jornal do Brasil

A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), maior representante da forte bancada ruralista no Congresso, divulgou carta criticando o governo e atacando os movimentos de trabalhadores sem terra. Na carta, a senadora solidariza-se com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que disse que as invasões de terras são ilegais e pediu investigação sobre o suposto repasse de recursos públicos para entidades sem terra.

No documento, Kátia Abreu diz que o "MST é uma entidade ilegal que pratica crimes em série". "Seus líderes comandam grupos que sequestram, vandalizam, torturam e matam".

A presidente do CNA critica ainda a suposta complacência do governo com essas associações. "Lamentavelmente, o MST conta com a complacência de autoridades do governo federal e recebe financiamento público para suas ações ilegais". Ela diz ainda que "quem financia as jornadas de crime e de terror do MST é o cidadão brasileiro honrado, que tem a cultura dos direitos e dos deveres".

A carta afirma ainda que o "MST tornou-se uma das maiores fontes da insegurança jurídica que pesa sobre o Brasil e que impõe prejuízos incalculáveis a todos nós, brasileiros".

– Nenhuma nação avança quando falta confiança na força que emana das regras livremente construídas e respeitadas. Nós, produtores rurais, assim como todos os brasileiros, precisamos de estabilidade e de respeito às leis para trabalhar e produzir – diz Kátia Abreu.

Procurada para comentar as acusações, a assessoria do MST não se manifestou até o fechamento da edição. O Ministério do Desenvolvimento Agrário também não se pronunciou. (Folhapress)

Tarso Genro "lava as mãos" e joga a responsabilidade aos Estados sobre crimes do MST

Mais uma para entrar no anedotário político do governo Lula, e mais uma vez patrocinada pelo seu ministro que deve ser o guardião da Justiça.

Força Nacional em alerta com MST

Brasília (Jornal do Brasil)

Ministro da Justiça não descarta ajuda a estados onde conflitos por terra aumentarem

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem que não recebeu nenhum pedido de apoio dos estados que passaram por conflitos, durante o Carnaval, por conta da ocupação de terras por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

– Do ponto de vista do ministério, temos consciência de que essas violações de propriedade privada são questões de ordem pública, de responsabilidade dos Estados, da polícia estadual e da Justiça estadual – disse o ministro.

Tarso ressaltou, no entanto, que a Força Nacional de Segurança está à disposição para dar o respaldo necessário. Ele afirmou que a Polícia Federal costuma agir de forma pacífica na retiradas dos manifestantes.

– Até agora, sempre tomamos essa atitude. Sem nenhum tipo de problema. Não é de competência da União fazer policiamento ostensivo repressivo.

O MST anunciou nova onda de invasões para março, conforme adiantou ontem reportagem do JB. Além disso, o movimento entrou numa polêmica no caso dos quatro assassinatos de seguranças de uma fazenda em Pernambuco, semana passada, e nas novas ocupações no Pontal do Paranapanema (SP).

Repasses
Sobre os repasses de recursos financeiros pela União a movimentos sociais, o ministro disse que cabe a análise da Controladoria Geral da União e do Tribunal de Contas. Tarso comentou ainda as declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que, ao classificar as invasões de terras públicas e privadas de "ilegais", disse que o governo não pode disponibilizar seus recursos para qualquer entidade ligada a invasões – sob pena de ser responsabilizado por esses atos.

– Se tiver alguma irregularidade que envolva órgãos federais, é remetida para a PF realizar o inquérito. Então, nós recebemos com normalidade a manifestação do presidente do Supremo, e não temos nenhum comentário de conteúdo a fazer sobre elas.

Investigação
A Polícia Federal em Presidente Prudente abriu inquérito para investigar suposto desvio de verbas federais repassadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário a entidades ligadas a sem-terra que atuam no Pontal do Paranapanema. Segundo o procurador da República Luiz Roberto Gomes, uma denúncia anônima aponta suposto uso de notas fiscais falsas para justificar os gastos irregulares.

O recurso era destinado para viabilizar a produção de biodiesel em assentamentos rurais em São Paulo. Gomes disse que a investigação que será feita pela PF vai confirmar se houve ou não irregularidades. (Folhapress)

A leniência tem preço

O governo deve pagar pela troça com que trata sua relação com o MST e seus congêneres dos Sem Terra Companhia Ilimitada.

A desculpa de criminalizar os movimentos sociais não cabe mais.

O governo disse o que então? Não disse nada. Aliás, disse sim.O ministro Gulherme Cassel, do Desenvolvimento e Reforma Agrária mandou um recado amolecado ao ministro presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, de que ele poderia apontar onde está a transgressão do governo.

E segue o país sem impor limites à indústria da invasão.

Dora Kramer - Barbárie Consentida, em sua coluna hoje no Estadão.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, foi apenas mais explícito e retumbante devido ao peso do posto.

No conteúdo, suas declarações logo após o assassinato de quatro seguranças de fazenda em Pernambuco seguiram a linha dos inúmeros alertas feitos a propósito da série de ilegalidades consentidas cometidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e denominações adjacentes.

O governo Luiz Inácio da Silva ignorou solenemente todos os avisos de que dia menos dia se veria na contingência de pagar o preço da leniência, seja pelo imperativo de usar a força do Estado para coibir os crimes ou pela constrangedora constatação de que o Estado é cúmplice de criminosos.

Pois eis que o presidente da Corte Suprema do País afirma que o governo acoberta os atos ilegais do MST e o Palácio do Planalto não tem como se defender. Presidente da República, ministro do Desenvolvimento Agrário e demais autoridades da área saíram pela tangente: silenciosos, usaram versões de assessoria para classificar de "descabida" a atitude do magistrado por falar "fora dos autos".

Ora, a que autos se referem? Nessa altura, os únicos condizentes com a situação seriam os autos de um bom processo cobrando a responsabilidade do poder público por reiterada infração às leis em vigor no País.

Não fossem o Ministério Público, o Congresso Nacional e os partidos tão suaves diante da acintosa decisão do Executivo de dar aos sem-terra salvo-conduto para transgredir, o presidente do STF poderia falar "dentro" dos autos.

Não havendo processo, faz a sua parte assim mesmo e se manifesta contra agressões à propriedade privada, ao patrimônio público, à pesquisa científica, aos direitos e garantias individuais, às regras de convivência coletiva e, agora, à vida humana.

Começaram invadindo terras improdutivas, em seguida invadiram as produtivas, prosseguiram ocupando prédios públicos, destruindo laboratórios de pesquisa, promovendo a baderna nas dependências do Poder Legislativo, numa escalada de vandalismo cuja culminância foi o assassinato dos quatro seguranças em Pernambuco.

Em contrapartida já foram recebidos com honras de Estado no Palácio do Planalto, ganharam o controle do Incra, continuam a ser sustentados por verbas oficiais, tiveram o apoio do Ministério da Previdência Social para requerer aposentadoria rural e, façam quaisquer barbaridades, do governo federal ouvem no máximo reprimendas paternais.

Tudo em nome do "respeito" aos movimentos sociais, em flagrante desrespeito aos genuínos movimentos sociais. Todos restritos, como os demais setores da sociedade, aos limites legais.

Desde o começo do governo, o presidente Lula fez uma clara opção: entre a lei e o MST, escolheu o lado dos sem-terra.

A matriz da tolerância revelou-se já no início do ano de 2003 quando o então ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, avisava que não cumpriria a medida provisória do governo anterior, proibindo repasses de verbas e excluindo do programa de reforma agrária entidades e pessoas envolvidas em invasões.

Para Rossetto aquela era a expressão do "autoritarismo de Estado" ao qual o PT não se associaria porque, de acordo com a nova concepção, qualquer legislação punitiva representava a criminalização dos movimentos sociais.

À falta de força política e de argumentos aceitáveis para derrubar a lei - por meio de outra medida provisória, por exemplo -, o governo escolheu simplesmente ignorá-la.

E as outras instituições simplesmente aceitaram essa lógica de um grupo que chega ao poder e resolve unilateralmente cumprir ou descumprir a legislação de acordo com suas convicções.

Louvem-se as posições dos presidentes da Câmara e do Senado, que se manifestaram em acordo ao presidente do STF. Apropriada, também, a constatação do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a respeito do destino reservado a homicidas, "a cadeia".

Agora, cumpre lembrar a incoerência dos três que apoiam um governo insensível ao princípio constitucional da igualdade de todos perante a lei.

O presidente do Senado, José Sarney, não faz coro às críticas palacianas ao comportamento do presidente do Supremo. Aponta que Gilmar Mendes defende o Estado de Direito e as liberdades públicas.

Fala do respeito aos direitos alheios, bem como o presidente da Câmara, Michel Temer, enxerga nas ações do MST violação constitucional.

Esquecem, propositadamente, de estabelecer a relação de causa e efeito entre o recrudescimento gradativo da ousadia dessas hordas e a indulgência com que são tratadas recebendo, por omissão, licença para invadir, destruir, barbarizar e agora também para matar.

Não caberia ao chefe da nação nem a ninguém além da Justiça a iniciativa ou o ato de punição. A condenação moral, contudo, baliza valores no presidencialismo forte do Brasil. Feito quase imperial na era Lula, na prática, quando o Poder Executivo cala o resto consente.

Sobre lobos e matilhas

Sobre ética e seu tramento pela política brasileira. O Estadão solta editorial para colecionadores.

Onde estamos mesmo?


Editorial - E Lobão ainda é ministro


Fossem outros os tempos e os homens, o senador Edison Lobão (PMDB) teria se demitido do cargo de ministro de Minas e Energia no instante mesmo em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desautorizou expressamente manobra - que, segundo informou o presidente de Furnas, Carlos Nadalutti, era orientada pelo ministro - para destituir o presidente e o diretor-financeiro da Fundação Real Grandeza, o fundo de pensão dos funcionários de Furnas e da Eletronuclear. Ao tomar conhecimento de que os funcionários das estatais organizavam protesto contra a destituição dos dois diretores do Real Grandeza e tinham o apoio de seus sindicatos, o presidente Lula convocou o ministro a seu gabinete e cobrou explicações, que obviamente não considerou satisfatórias e convincentes - tanto assim que mandou avisar aos funcionários e líderes sindicais que a programada reunião do conselho deliberativo da fundação não seria realizada. De fato, houve a reunião, mas os conselheiros se recusaram a deliberar sobre a destituição dos dois diretores.

Antes de ir ao Palácio do Planalto, o ministro Lobão, em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que os diretores do fundo haviam alterado os estatutos para ampliar seus mandatos por um ano e concluiu com acusações para lá de pesadas: "Isso é uma bandidagem completa! (...) Esse pessoal está revoltado porque não quer perder a boca. O que eles querem é fazer uma grande safadeza."

Após a reunião com o presidente Lula, desautorizado, mas ainda ministro, Edison Lobão explicou aos jornalistas que a decisão de adiar a mudança da diretoria do fundo foi tomada para que pudessem ser examinadas com tranquilidade as "alegações" dos funcionários e da diretoria de Furnas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva interveio tarde nesse escabroso caso, mas isso se entende. Afinal, o problema só existe porque Lula loteou os cargos da administração federal entre os partidos de sua base de apoio. É bem verdade que o presidente relutou em entregar Furnas ao PMDB. Cedeu depois que o deputado Eduardo Cunha condicionou a publicação de seu relatório contrário à extinção da CPMF (o imposto do cheque) à nomeação do ex-prefeito do Rio de Janeiro Luiz Paulo Conde para a presidência da estatal.

Mas setores do PMDB nunca se conformaram em não ter recebido também a Fundação Real Grandeza, um fundo de pensão com mais de 12 mil filiados, que administra um patrimônio de R$ 6,3 bilhões. De meados de 2007 até a última quinta-feira, os esquemas fluminenses do partido fizeram três tentativas de destituir conselheiros e diretores para substituí-los por "gente de confiança". Fracassaram, no entanto, diante da decidida reação dos funcionários de Furnas e da Eletronuclear.

Os funcionários têm sobejas razões para defender seu patrimônio de interferências políticas espúrias. A Associação dos Funcionários de Furnas, por exemplo, convocou manifestações "contra atos inescrupulosos que ameaçam o patrimônio da fundação em nome de interesses políticos para a campanha eleitoral de 2010". Excesso de zelo? Pode ser. Mas o fato é que, em 2005, a CPI dos Correios encontrou provas de que a Fundação Real Grandeza foi usada para abastecer o caixa 2 que financiava o esquema do mensalão. Os efeitos desse esquema foram devastadores para o fundo de pensão dos funcionários. Seus dirigentes foram afastados pela Secretaria de Previdência Complementar, mas o fundo encerrou o exercício com um déficit de mais de R$ 50 milhões. De lá para cá, a administração do fundo, apoiada pelos funcionários, saneou as contas, mudou o perfil dos investimentos, que se tornaram mais conservadores, e, no ano passado, houve um resultado positivo de R$ 1,2 bilhão.

O ministro Edison Lobão obteve do presidente Lula, como prêmio de consolação, autorização para que a Controladoria-Geral da União faça uma auditoria nas contas da Fundação Real Grandeza. Tudo indica que a atual diretoria sairá com um atestado de boa conduta. Afinal, a última fiscalização feita pela Secretaria de Previdência Complementar constatou que no biênio 2007/2008 houve melhora na gestão do fundo de pensão.

Melhor seria auditar o comportamento da ala do PMDB que quer controlar os R$ 6,3 bilhões do fundo. Mas sobre essa gente o senador Jarbas Vasconcelos já deu seu veredicto, na já famosa entrevista à Veja.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Discurso de Malcolm X no Corn Hill Methodist Church

Carta O Berro

16 de fevereiro de 1965.

Corn Hill Methodist Church, Rochester

Não apenas um problema Americano,

mas um problema mundial.

Livro: February 1965 - The Final Speeches Malcolm X

Editora: Pathfinder

Editado por: Steve Clark

Ano: 1992

Páginas: 143-170

Notas: págs. 281-282

Traduzido por Paulo Luiz Rodrigues

Entre julho e agosto de 2008.

Em 16 de fevereiro, Malcolm X voou para Rochester, Nova York. Durante a tarde, ele manteve uma conversa com a imprensa no Manger Hotel. De acordo com as informações prestadas, ele pediu "uma sociedade na qual todos possam viver como seres humanos," independentemente da cor de suas peles. "Vocês descobrirão que [negros e brancos] eventualmente se encontrarão na parte mais baixa da estrada". Ele chamou a situação dos Negros na América "pior do que era dez anos atrás[79]". Mais tarde nesse dia, ele falou no Colgate Rochester Divinity School.

No anoitecer, Malcolm dirigiu-se para a reunião marcada no Corn Hill Methodist Church. O texto desse discurso, impresso abaixo, é transcrito da gravação.

Primeiro, irmãos e irmãs, eu quero começar agradecendo a vocês por tirarem um tempo para saírem nesse entardecer e especialmente pelo convite para eu subir a Rochester e participar desta pequena discussão informal neste entardecer sobre problemas que são de interesse comum para todos os membros na comunidade, na comunidade Rochester inteira[80]. E minha razão por estar aqui é discutir a revolução Negra que está acontecendo, que está tomando lugar nesta terra, a maneira pela qual está tomando lugar no continente Africano, e o impacto que está tendo nas comunidades Negras e não apenas aqui na América, mas na Inglaterra e na França e em outros das ex-colônias.

Muitos de vocês provavelmente leram na última semana que eu fiz um esforço para ir para Paris e fui mandado embora. E Paris não manda ninguém embora. Vocês sabem, ninguém suposto de ser capaz de ir para a França, lá é suposto ser um lugar muito liberal. Mas a França está tendo problemas hoje que não tinham sido publicizadas grandemente. E a Inglaterra está também tendo problemas que não tinham sido publicizados grandemente, porque os problemas da América tinham sido então publicizados grandemente. Mas todos estes três parceiros, ou aliados, têm problemas em comum hoje que o Negro americano, ou Afro-americano, não está suficientemente fluido nisso.

Em ordem para vocês e eu sabermos a natureza da luta em que vocês e eu estamos envolvidos, nós temos não só que conhecer os vários ingredientes envolvidos nos níveis locais e nacionais. E os problemas do homem negro aqui neste país pararam de ser um problema apenas do Negro americano ou um problema americano. Ele tornou-se um problema que é tão complexo e tem tantas implicações nele, que vocês têm que estudá-lo no contexto mundial ou em seu contexto internacional, para vê-lo como atualmente é. Por outro lado vocês não podem mesmo seguir o discurso local, a menos que vocês saibam que porção ele desempenha no contexto internacional inteiro. E quando vocês olharem-no neste contexto, verão com mais claridade.

E vocês deveriam perguntar a vocês mesmos por que deveria um país como a França estar tão preocupado com um insignificante Negro Americano que eles proibiram-no de entrar lá, quando quase ninguém mais pode ir àquele país quando deseja. Isso inicialmente porque os três países têm o mesmo problema. E o problema é este: que no Hemisfério Oeste, vocês e eu não compreendemos isto, mas nós somos exatamente uma minoria nesta terra. No Hemisfério Oeste há – as pessoas no Brasil, dois terços das pessoas no Brasil são pessoas de pele escura, a mesma como vocês e eu. Elas são pessoas de origem Africana, ancestrais africanos, retaguarda africana. E não apenas no Brasil, mas através de toda a América Latina, o Caribe, os Estados Unidos, e o Canadá, vocês têm pessoas que são de origem Africana.

Muitos de nós nos enganamos em pensar Afro-americanos apenas quem está aqui nos Estados Unidos. América é América do Norte, América Central, e América do Sul. Qualquer um com ancestral Africano na América do Sul é um Afro-americano. Qualquer um na América Central de sangue Africano é um Afro-americano. Qualquer um aqui na América do Norte, incluindo o Canadá, é um Afro-americano se ele tiver ancestral Africano – mesmo abaixo no Caribe, ele é um Afro-americano. Então, quando eu falo de Afro-americanos, eu não estou falando apenas dos vinte e dois milhões de nós que estamos aqui nos Estados Unidos. Mas o Afro-americano é este grande número de pessoas no Hemisfério Oeste, das extremidades mais ao sul da América do Sul às extremidades mais ao norte da América do Norte, os quais todos temos uma herança comum e temos uma origem comum quando vocês voltam na história destas pessoas.

Agora, há quatro esferas de influência no Hemisfério Oeste, onde pessoas Negras estão envolvidas. Há a influência Espanhola, a qual significa que a Espanha primeiramente colonizou certa área do Hemisfério Oeste. Há a esfera de influência da França, a qual significa aquelas áreas que ela colonizou primeiramente. A área que a Inglaterra colonizou primeiramente. E então estas nossas que são os Estados Unidos.

A área que foi inicialmente colonizada pelos espanhóis é comumente referida como América Latina. Lá a maioria das pessoas tem pele escura, de ancestralidade Africana. A área que a França colonizou aqui no Hemisfério Oeste é largamente referida como Índia Oeste Francesa. E a área que a Inglaterra colonizou são estas que são comumente referidas como Índia Oeste Inglesa, e também Canadá. E então novamente, há os Estados Unidos. Então, nós temos estas quatro classificações diferentes de povo Negro, ou povo não-branco, aqui no Hemisfério Oeste.

Por causa da economia pobre da Espanha, e porque ela parou de ser uma influência sobre o cenário mundial como era inicialmente, não muitas das pessoas de pele negra da esfera de influência espanhola migraram para a Espanha. Mas por causa do alto padrão de vida na França e Inglaterra, vocês descobrem que muitas das pessoas negras da Índia Oeste Inglesa estão migrando para a Inglaterra, muitas das pessoas negras da Índia Oeste Francesa migram para a frança, e, então, vocês e eu já estamos aqui.

Então isto significa que os três maiores aliados, Estados Unidos, Inglaterra e França, têm um problema hoje que é um problema comum. Mas vocês e eu nunca estamos dando informações suficientes para compreender que eles têm um problema comum. E que problema comum é o novo modo como é refletido em qualquer modelo de comportamento das pessoas negras do continente Francês, com a mesma esfera da Inglaterra, e também aqui nos Estados Unidos. E este modo está mudando no mesmo grau que o modo sobre o continente Africano tem mudado. E quando descobrirem que a revolução Africana tomou lugar – e por revolução Africana eu quero dizer a emergência das nações Africanas para a independência – isto que está acontecendo por dez ou doze anos atrás, afetou absolutamente o modo das pessoas negras no Hemisfério Oeste. Tanto mais que quando elas migram para a Inglaterra, elas representam um problema para os ingleses. E quando elas migram para a França, elas apresentam um problema para os franceses. E quando elas – já aqui nos Estados Unidos – mas quando elas são despertadas, e este mesmo modo é refletido no homem negro nos Estados Unidos, estão apresenta um problema para o homem branco aqui na América.

E não pensem vocês que o problema que o homem branco tem na América é único. A França tem o mesmo problema. E a Inglaterra está tendo o mesmo problema. Mas a única diferença entre o problema na França e Inglaterra, e aqui: há muitos líderes negros que têm se rebelado aqui no Hemisfério Oeste, nos Estados Unidos, que têm criado muito mais um espírito de militância que tem assustado os americanos bancos, mas isto tem estado ausente na França e na Inglaterra. E isto tem sido apenas recentemente que a Comunidade Negra Americana e a Comunidade Indiana Francesa Oeste, junto com a Comunidade Africana na França, têm começado a organizar-se entre eles mesmos, e está assustando a França de morte. E as mesmas coisas estão acontecendo na Inglaterra. Até recentemente eles eram desorganizados completamente. Mas recentemente os Indianos Oeste na Inglaterra, juntos co a Comunidade Africana na Inglaterra, juntos com Asiáticos na Inglaterra, começaram a organizar e a trabalhar em coordenação um com o outro, em conjunção um com o outro. E isto tem apresentado um problema muito sério para a Inglaterra.

Então, eu tenho que dar a vocês este pano de fundo, para vocês entenderem um pouco sobre os problemas correntes que estão se desenvolvendo aqui nesta terra. E muito depressa vocês podem entender os problemas entre pessoas negras e brancas aqui em Rochester ou pessoas negras e brancas no Mississipi ou pessoas negras e brancas na Califórnia, a menos que vocês entendam o problema básico que existe entre pessoas negras e brancas não limitadas no nível local, mas confinadas no internacional, nível global sobre esta terra hoje. Quando vocês olharem o contexto, vocês entenderão isto. Mas se vocês apenas tentarem e olharem no contexto local, vocês nunca entenderão isto. Vocês têm que ver a tendência que está tomando lugar sobre a terra. E meu propósito ao vir aqui esta noite é tentar e dar a vocês, como atualização, um entendimento de como isso tudo é possível.

Como muitos de vocês sabem, eu saí do movimento Muçulmano Negro e durante os meses do verão, eu passei cinco daqueles meses no Meio Oeste e no continente Africano, durante este tempo eu visitei muitos países, o primeiro dos quais foi o Egito, e depois a Arábia, depois Kuwait, Líbano, Sudão, Quênia, Etiópia, Zanzibar, Tanganyika – que agora é Tanzânia -, Nigéria, Gana, Guiné, Libéria, Algeria. E então nos cinco meses que eu estive fora eu tive oportunidade de manter longas discussões com o Presidente Nasser, no Egito; Presidente Julius Nyerere, na Tanzânia; Jomo Kenyatta, no Quênia; Milton Obote, em Uganda; Azikiwe, na Nigéria; Nkrumak, em Gana; e Sékou Touré, na Guiné.

E durante as conversações com estes homens, e outros africanos daquele continente, houve muita troca de informação que ampliaram meu entendimento e, sinto, ampliaram meu alcance. Então, desde que voltei de lá, eu não tive seja que desejo de avançar em qualquer argumento trivial com pessoas de inteligência de passarinho ou memória curta que por acaso pertencem a organizações, baseadas em fatos que estão mal encaminhados e não levam vocês a lugar algum quando vocês têm problemas tão complexos como os nossos que estamos tentando resolver.

Então, eu não estou aqui esta noite para falar sobre alguns desses movimentos que estão se chocando uns como outros. Eu estou aqui para falar sobre os problemas que estão em frente de todos nós. E fazer isso de um modo muito informal. Eu nunca gostei de estar preso a método formal ou procedimento quando falo para um auditório, porque eu descobri que normalmente a conversa que eu estou envolvido em refletir em torno de raça, ou coisa racial, que não é minha imperfeição. Eu não criei o problema raça. E eu sei, eu não vim para a América no Mayflower ou por minha própria vontade. Nosso povo foi trazido para cá involuntariamente, contra seu desejo. Então, se nós apresentamos problemas agora, eles não deveriam nos acusar por estarmos aqui. Eles trouxeram-nos para cá. [aplauso].

Uma das razões por que eu sinto que é melhor continuar muito informal quando discutir este tipo de tópico, quando as pessoas estão discutindo coisas baseadas em raça, elas têm a tendência de ser muito limitadas e ficar emocionadas e envolver-se toda – especialmente pessoas brancas. Eu descobri que pessoas brancas são normalmente muito inteligentes, até que vocês obtenham delas uma fala sobre o problema racial. Então, elas obtêm uma cegueira como um morcego e querem que vocês vejam o que elas sabem que é exatamente o oposto da verdade. [aplauso].

Eu preferiria que nós tentássemos e fizéssemos é sermos muito informais, onde nós poderemos relaxar e mantermos a mente aberta, e tentarmos e concebermos os modelos ou os hábitos a serem vistos por nós mesmos, ouvidos por nós mesmos, pensados por nós mesmos, e então nós poderemos nos aproximar de uma decisão inteligente sobre nós mesmos.

Sem rodeios, minha posição, como eu disse hoje na Colgate, eu sou um Muçulmano, o que apenas significa que a minha religião é o Islamismo. Eu acredito em Deus, o ser Supremo, o criador do universo. Que é uma forma muito simples de religião, fácil de entender. Eu acredito em Deus. Se havia um tudo deles, deveria ser uma religião confusa. Mas eu acredito em um Deus, e eu acredito que este Deus tivesse uma religião, tenha uma religião, sempre teremos uma religião. E o que este Deus ensinou a todos os profetas sobre a mesma religião, então não há argumentos sobre quem foi o maior ou quem foi o melhor: Moisés, Jesus, Muhammad, ou algum dos outros. Todos eles eram profetas, eles vieram de um Deus, eles tiveram uma doutrina, e esta doutrina foi designada para dar purificação à humanidade, então isto tudo a humanidade veria que foi religião e teria um tipo de irmandade que seria praticada aqui nesta terra. Eu acredito nisto.

E depois de aceitar a religiosidade de Deus, eu acredito na irmandade do homem. Mas apesar do fato que eu acredito na irmandade do homem, eu tenho que ser um realista e ter consciência de que aqui na América nós somos uma sociedade que não pratica a irmandade. Não é praticada como é pregada. Pregamos irmandade, mas não praticamos irmandade. E por causa disso a sociedade não pratica irmandade, aqueles de nós que são Muçulmanos – aqueles de nós que deixaram o movimento Muçulmano Negro e reagruparam-se como Muçulmanos, em um movimento baseado sobre o Islamismo ortodoxo – nós acreditamos na irmandade do Islamismo.

Mas nós também compreendemos que o problema apresentado às pessoas Negras neste país é complexo e tão complicado e tem sido tão longo aqui, não resolvido, que é absolutamente necessário a nós formarmos outra organização. A qual nós formamos, que é a organização não-religiosa e que é conhecida como a Organização da Unidade Afro-americana, que é tão estruturada organizacionalmente para permitir participação ativa de qualquer Afro-americano, e Americano Negro, em um programa que é planejado para eliminar a política negativa, econômica e social maliciosas que o nosso povo é confrontado nesta sociedade. E nós temos que iniciar porque nós compreendemos que temos que lutar contra o pecado da sociedade que tem falhado em produzir irmandade para todos os membros desta sociedade. Isto de modo algum significa que somos antibranco, antiazul, antiverde ou antiamarelo. Nós somos antierrado. Nós somos antidiscrminação. Nós somos anti-segregação. Nós somos contra qualquer um que queira praticar alguma forma de segregação ou discriminação contra nós porque nós não costumamos ser uma cor que é aceitável por vocês. Nós acreditamos em lutar. [aplauso].

Nós não julgamos um homem pela cor de sua pele. Nós não julgamos vocês porque vocês são brancos. Nós não julgamos vocês porque vocês são negros. Nós não julgamos vocês porque são marrons. Nós não julgamos vocês pelo que vocês fazem, pelo que praticam. E enquanto vocês praticam maldades, nós estamos contra vocês. E para nós, a pior forma de maldade é a maldade que é baseada em julgar um homem pela cor de sua pele. E eu não acho que qualquer um aqui possa negar que nós estamos vivendo em uma sociedade que apenas não julga um homem de acordo com seu talento, de acordo com seu conhecimento, de acordo com sua bagagem acadêmica, ou falta de bagagem acadêmica. Esta sociedade julga um homem apenas pela cor de sua pele. Se você é branco, você pode ir avante, e se você é negro, você tem que brigar a seu jeito a cada passo do seu caminho, e você ainda não consegue ir avante. [aplauso].

Nós estamos vivendo em uma sociedade que está de acordo e largamente controlada por pessoas que acreditam em segregação. Nós estamos vivendo em uma sociedade que está de acordo e largamente controlada por pessoas que acreditam em racismo, e praticam segregação, discriminação e racismo. Nós acreditamos em um – e eu digo que isto é controlado não pelos brancos bem-intencionados, isto é controlado pelos segregacionistas, pelos racistas. E vocês podem ver pelo modelo que esta sociedade segue por todo o mundo. Justo agora na Ásia vocês têm o Exército Americano jogando bombas sobre pessoas de pele escura. Agora você não pode dizer que – não há jeito que você possa justificar estar longe de casa, jogando bombas sobre alguém. Se você fosse a próxima porta, eu poderia ver isto, mas você não pode ir para longe de seu país e jogar bombas sobre alguém e justificar sua presença lá, não comigo. [aplauso].

Isto é racismo. Racismo praticado pela América. Racismo que envolve uma guerra contra pessoas de pele escura na Ásia, outra forma de racismo envolve uma guerra contra pessoas de pele escura no Congo, a mesma como esta que envolve uma guerra contra pessoas de pele escura no Mississipi, Alabama, Geórgia, e Rochester, Nova York. [aplauso].

Então nós não somos contra as pessoas porque elas são brancas. Ma porque nós somos contra aqueles que praticam racismo. Nós somos contra aqueles que jogam bombas sobre pessoas porque a cor delas por acaso é de tom diferente do deles. E porque nós somos contra isso, a imprensa diz que nós somos violentos. Nós não somos pela violência. Nós somos pela paz. Mas as pessoas que nós somos totalmente contra são tão violentas, vocês não podem ser pacíficos quando vocês estão tratando com eles. [gargalhada e aplauso].

Eles acusam-nos do que eles mesmos são culpados. Isto é o que o criminoso sempre faz. Ele bombardeará você, então acusará você de bombardear a você mesmo. Ele oprimirá seu crânio, e então acusará você de atacá-lo. Isto é o que os racistas têm sempre feito – o criminoso, aquele que desenvolveu um processo criminoso para a ciência. Ele praticará sua ação criminosa, e então usará a imprensa para fazer você de vítima – olhe como vítima é o criminoso e o criminoso é a vítima. Assim eles fazem. [aplauso]. E vocês aqui em Rochester provavelmente sabem mais sobre isso do qualquer pessoa em qualquer outro lugar.

Aqui temos um exemplo de como eles fazem isso. Eles absorvem a imprensa, e através dela, eles alimentam estatísticas, [inaudível] chamam de estatísticas seus crimes, para o público branco. Porque o público branco é dividido. Alguns parecem bons, e alguns não parecem bons. Alguns são bem-intencionados, e alguns não são bem-intencionados. Isto é verdade. Vocês encontram alguns que não são bem-intencionados, e alguns que são bem-intencionados. E normalmente aqueles que não são bem-intencionados excedem em números aqueles que são bem intencionados. Vocês precisam de um microscópio para acharem aqueles que são bem-intencionados. [aplauso].

Então, eles não gostam de fazer nada sem o suporte do público branco. Os racistas, aqueles que são normalmente muito influentes na sociedade, não fazem seus movimentos sem primeiro tentar obter a opinião pública do seu lado. Então eles usam a imprensa para obter a opinião pública do seu lado. Quando eles querem abafar ou oprimir a comunidade negra, o que eles fazem? Eles pegam estas estatísticas, e através da imprensa, eles alimentam o público. Eles fazem isto parecer que a taxa de crime na comunidade negra é muito mais alta do que é em qualquer outro lugar. O que isto faz? [aplauso].

Esta mensagem – esta é uma mensagem muito hábil usada pelos racistas para fazer os brancos que não são racistas pensarem que como a taxa de crime na comunidade negra é tão alta, isso pinta a comunidade negra com a imagem de criminosa. Isso faz parecer que todas as pessoas na comunidade negra são criminosas. E assim que esta impressão é dada, neste caso isto é possível construir, ou pavimentar o caminho para começar uma situação típica de polícia na comunidade negra, obtendo a aprovação total do público branco quando a polícia vem e usa todo o tipo de métodos brutais para oprimir o povo negro, esmagando seus crânios, cachorros sobre eles, e coisas deste tipo. E os brancos cooperam com isso. Porque eles pensam que além de todas as pessoas há um criminoso em algum lugar. Isto é que – a imprensa faz isto. [aplauso].

Isto é perícia. Esta perícia é chamada – isto é uma ciência que é chamada fazer imagem. Eles mantêm vocês sob controle através desta ciência de imagens de retórica. Eles até fazem vocês olharem com menosprezo vocês mesmos, dando a vocês uma má imagem de vocês mesmos. Algumas de nossas próprias pessoas negras têm engolido esta imagem delas mesmas e digerido ela rapidamente, até elas próprias não quererem morar na comunidade negra. Elas não querem que estejam ao redor delas pessoas negras. [aplauso].

Isto é uma ciência que eles usam, muito habilidosamente, para fazer o criminoso parecer a vítima, e fazer a vítima parecer o criminoso. Exemplo: nos Estados Unidos durante o verão eles tiveram os distúrbios. Eu estava na África, felizmente. [gargalhada]. Durante estes distúrbios, ou por causa destes distúrbios, ou depois dos distúrbios, mais uma vez a imprensa, muito habilidosamente, descreveu os tumultuadores como assassinos, criminosos, ladrões, porque eles estavam acabando com a propriedade.

Agora pensem vocês, se é verdade que a propriedade foi destruída. Mas olhem por outro ângulo. Nesta comunidade negra, a economia da comunidade não está nas mãos do homem negro. O homem negro não é seu próprio senhor. Os edifícios que ele vive são propriedade de alguém diferente. As lojas na comunidade são administradas por alguém diferente. Tudo na comunidade está fora de suas mãos. Ele não tem nenhum direito de decidir nisto ou que quer que seja, senão morar lá e pagar o mais alto aluguel pelo mais degradante lugar para morar. [aplauso]. Ele paga os mais altos preços pela comida, pela comida de mais baixa classificação. Ele é vítima disso, uma vítima da exploração econômica, exploração policial, e muitos outros tipos.

Agora, ele é tão frustrado, tão reprimido, tanta energia explosiva nele, que ele gostaria de pegar aquele que o está explorando. Mas quem o está explorando não mora na vizinhança. Ele apenas é dono da casa. Ele apenas é dono da loja. Ele apenas é dono da vizinhança. Quando o homem negro explode, aquele que ele quer pegar não está lá. Então ele destrói a propriedade daquele – ele não é ladrão. Ele não está tentando roubar sua mobília barata ou sua comida barata. Ele quer pegar você, mas você não está lá. [gargalhada e aplauso].

E em vez de os socialistas analisarem isso como de fato isso é, tentando entender isso como de fato isso é, novamente eles dissimulam o discurso real, e eles usam a imprensa para fazer isso parecer que estas pessoas são ladrões, assassinos. Não! Elas são as vítimas de roubos organizados, proprietários organizados que não são nada, mas ladrões, comerciantes que não são nada, mas ladrões, policiais que sentam na entrada da cidade e que não são nada, mas ladrões em parceria com os proprietários e os comerciantes. [aplauso].

Mas novamente, a imprensa é usada para fazer a vítima parecer o criminoso e fazer o criminoso parecer a vítima. E vocês, que chamam vocês mesmos de brancos bem-intencionados – ha, ha - vocês engolem isso e apenas ficam tão enjoados quanto os brancos que não têm boas pretensões.

Isso é retórica. E apenas quando essa retórica é praticada no nível local, vocês podem entender isso melhor através de um exemplo internacional. O exemplo mais recente no nível internacional para trazer vivacidade para o que eu estou dizendo é o que aconteceu no Congo[81].

Olhem o que aconteceu. Nós tivemos uma situação onde um avião jogava bombas sobre aldeias africanas. Uma aldeia africana não tem defesa contra bombas. E uma aldeia africana não é ameaça suficiente que ela tenha que ser bombardeada. Mas aviões estavam jogando bombas sobre aldeias africanas. Quando estas bombas batiam, elas não distinguiam entre inimigos e amigos. Elas não distinguiam entre homem e mulher. Quando estas bombas eram jogadas sobre aldeias africanas no Congo, elas eram jogadas sobre mulheres negras, homens negros e crianças negras. Estes seres humanos foram soprados para um lugar indefinido. Eu não ouvi gritaria, nenhuma voz de compaixão por estes milhares de pessoas negras que foram trucidadas pelos aviões. [aplauso].

Por que não houve gritaria? Por que não houve inquietação? Porque, novamente, a imprensa muito habilidosamente fez as vítimas parecerem que elas eram as criminosas, e as criminosas parecerem que elas eram as vítimas. [aplauso].

Eles se referem às aldeias como “rebeldes confinados”, vocês sabem. É como dizer, porque eles são aldeias de confinamento de rebeldes, você pode destruir a população, e está certo. Eles também se referem aos negociantes da morte como “Americanos-treinados”, “pilotos Cubanos anti-Castro.” Isso fez isto certo. Porque estes pilotos, estes mercenários – vocês sabem o que é um mercenário, ele não é um patriota. Um mercenário não é alguém que vai para a guerra sem patriotismo por seu país. Um mercenário é um matador alugado. Uma pessoa que mata, que tira sangue por dinheiro, sangue de qualquer um. Mata um ser humano tão facilmente quanto mata um gato ou um cachorro ou uma galinha.

Então estes mercenários, jogando bombas sobre aldeias Africanas, não cuidando de nada, se há ou não inocentes, mulheres, crianças e bebês indefesos sendo destruídos por suas bombas. Mas porque eles são chamados “mercenários,” dando um nome glorificado, isto não excita vocês. Porque eles são referidos como pilotos “Americanos-treinados”, porque eles são Americanos-treinados, isto faz eles certos. “Cubano anti-Castro”, isto faz eles certos. Castro é um monstro, então qualquer um que é contra Castro está muito bem conosco, e qualquer coisa que eles façam por lá, isto está muito bem conosco. Você vê como eles enganam a sua mente? Eles põem sua mente direto em um saco, e levam ela onde quer que queiram tão bem. [aplauso].

Mas isso é algo pelo que vocês têm que olhar e responder. Por que eles são aviões americanos, bombas americanas, escoltadas por pára-quedistas americanos, armados com metralhadoras. Mas, vocês sabem, eles dizem que eles não são soldados, eles estão lá apenas como acompanhantes, como eles começaram com alguns informantes no Vietnan do Sul. Vinte mil deles – apenas informantes. Há apenas “acompanhantes.” Eles são capazes de fazer tudo deste grande número de assassinatos e escapar impunemente disso, rotulando isso “humanitário”, “um ato de humanistarismo.” Ou “em nome da liberdade,” “em nome da independência.” Todo tipo de slogans altamente sonoros, mas eles são feitos tão habilidosamente, que até vocês e eu, que chamo de sofisticados neste vigésimo século, somos capazes de ver isso, e pormos o selo de aprovado sobre isso. Simplesmente porque isto está sendo feito para pessoas com pele negra, por pessoas com pele branca.

Eles pegam um homem que é um assassino a sangue-frio, chamado Tshombe. Vocês ouviram dele, Tio Tom Tshombe [gargalhada e aplauso] e assassinou o primeiro ministro, o legítimo primeiro ministro, Lumumba. Ele assassinou-o. [aplauso]. Agora é um homem que é um assassino internacional, selecionado pelo Departamento de Estado e colocado sobre o Congo e apoiado em sua posição pela sua taxa do dólar. Ele é um matador. Ele é alugado pelo nosso governo. Ele é um matador de aluguel. E mostrar o tipo de matador de aluguel que ele é, assim que ele está em serviço, ele aluga mais matadores da África do Sul para derrubarem seu próprio povo. E você admira-se porque sua imagem americana no exterior está tão falida.

Note que eu disse, “sua imagem americana no exterior está tão falida.”

Eles fazem este homem aceitável pela astúcia, dizendo na imprensa que ele é o único que pode unir o Congo. Ha. Um assassino. Eles não deixarão a China nas Nações Unidas porque eles dizem que ela declarou guerra às tropas das Nações Unidas na Coréia. Tshombe declarou guerra às tropas das Nações Unidas em Katanga; vocês deram dinheiro a ele e apoiaram-no[82]. Vocês não usam o mesmo critério. Vocês usam o critério aqui e mudam-no aqui. Mas isto são vocês, onde todas as pessoas podem ver vocês hoje. Vocês fazem vocês mesmos parecerem doentes na visão mundial, tentando serem as pessoas bobas que vocês estão pelo menos deste modo com suas fraudes. Mas hoje o saco de truques de vocês absolutamente acabou. O mundo inteiro pode ver o que vocês estão fazendo.

A imprensa apronta rapidamente a histeria no público branco. Então ela muda os instrumentos e começa a trabalhar tentando obter a simpatia do público branco. E assim ela muda os instrumentos e obtém o público branco para apoiar qualquer que seja a ação criminal que eles estão deixando pronta para envolver os Estados Unidos.

Lembram como eles se referiram aos reféns como “reféns brancos”. Não “reféns.” Eles disseram isto “canibais” no Congo tinham “reféns brancos.” Oh, e isto deixou vocês todos perturbados. “Freiras brancas,” “sacerdotes brancos,” “missionários brancos”. Qual é a diferença entre um refém branco e um refém negro? Qual a diferença entre uma vida branca e uma vida negra? Vocês devem pensar que há uma diferença, porque a imprensa deles particulariza a brancura. “Dezenove reféns brancos” causam em vocês abalos em seus corações. [gargalhada e aplauso].

Durante os meses quando bombas estavam sendo jogadas sobre pessoas negras por centenas e milhares, vocês não disseram nada. E vocês não fizeram nada. Mas tão logo quanto um punhado de pessoas brancas que não tinham nenhum envolvimento na obtenção de negócios como estas coisas em primeiro lugar [gargalhada e aplauso] - tão logo quanto suas vidas tornaram-se envolvidas, vocês interessaram-se.

Eu estava na África durante o verão quando os mercenários e os pilotos estavam fazendo pessoas negras caírem no chão como se voassem. Mesmo assim, na imprensa do Oeste isto não ganharia menção. Isto não foi mencionado. Se isto fosse mencionado, seria mencionado na seção de classificados do jornal. Em algum lugar onde vocês precisariam de um microscópio para descobri-lo.

E nesta época os irmãos Africanos, os primeiros eles não estavam tomando como reféns. Eles apenas começaram a tomar como reféns quando eles descobriram que estes pilotos estavam bombardeando suas aldeias. E então eles tomaram como reféns, carregando-os para dentro da aldeia, e advertiram os pilotos que se vocês jogam bombas sobre as aldeias, vocês atingirão seu próprio povo. Isto era uma guerra de táticas militares. Eles estavam em guerra. Eles apenas mantinham um refém na aldeia para reter os mercenários de assassinatos em massa de pessoas desta aldeia. Eles estavam retendo-os como reféns porque eles eram canibais. Ou porque eles pensavam que suas carnes eram saborosas. Alguns destes missionários estavam lá por quarenta anos e não tinham comido nada. [gargalhada e aplauso]. Se eles fossem comê-los, eles os teriam comido quando eles eram jovens e tenros. [gargalhada e aplauso]. Porque vocês não podem ainda digerir esta carne branca velha sobre um frango velho. [gargalhada].

Então isto é fantástico. Eles usam sua habilidade para criar imagens, e então eles usam estas imagens que eles criaram pra conduzirem as pessoas. Para confundir as pessoas e fazê-las aceitar o errado como certo e rejeitar o certo pelo errado. Fazer as pessoas atualmente pensarem que o criminoso é a vítima e a vítima é o criminoso.

Assim como mostrei isto, vocês podem dizer, “o que tudo isto tem a ver com o homem negro na América? E o que isto tem a ver com as relações entre negros e brancos aqui em Rochester?” Vocês têm que entender isto.

Então, até 1959 a imagem do continente Africano foi criada pelos inimigos da África. África era uma terra dominada pelos poderosos de fora. Uma terra dominada pelos Europeus. E como estes Europeus dominaram o continente da África, foram eles que criaram a imagem da África que foi projetada no estrangeiro. E eles projetaram a África e as pessoas da África em uma imagem negativa, uma imagem detestável. Eles fizeram-nos pensar que a África era uma terra de floresta tropical, uma terra de animais, uma terra de canibais e selvagens. Isso era uma imagem detestável.

E porque eles foram tão bem sucedidos na projeção dessa imagem negativa da África, aqueles de nós aqui na ancestralidade Africana do Oeste, a Afro-americana, nós consideramos a África como um lugar detestável. Nós consideramos África como pessoa detestável. E se você se referisse a nós como um Africano, isso era como [inaudível], ou falando sobre nós de um modo que nós não queremos ser chamados.

Por quê? Porque aqueles que oprimem sabem que você não pode fazer uma pessoa odiar a raiz sem fazê-la odiar a árvore. Você não pode odiar a sua origem e não acabar odiando você mesmo. E desde que nós todos temos origem na África, você não pode fazer-nos odiar a África sem fazer-nos odiar a nós mesmos. E eles fizeram isso muito habilidosamente.

E qual foi o resultado? Nós acabamos com vinte e dois milhões de pessoas negras aqui na América que odiamos qualquer coisa sobre nós que seja africano. Nós odiamos as características africanas, as características africanas. Nós odiamos nosso cabelo. Nós odiamos nosso nariz, a forma de nosso nariz, e a forma de nossos lábios, a cor de nossa pele. Sim, nós odiamos. E isso foi você que ensinou-nos a odiar nós mesmos simplesmente pela sagacidade de movimentos táticos para levar-nos a odiar a terra de nossos avós e as pessoas daquele continente.

Já que nós detestamos aquelas pessoas, detestamos nós mesmos. Já que odiamos o que nós pensamos que eles parecem, nós odiamos o que nós atualmente parecemos. E você me chama professor odioso? Porque, você ensinou-nos a odiar nós mesmos. Você ensinou o mundo a odiar uma raça inteira de pessoas e tem a coragem agora de reclamar de nós por detestarmos você simplesmente porque nós não gostamos da corda que você pôs ao redor do nosso pescoço. [aplauso].

Quando você ensina um homem a odiar seus lábios, os lábios que Deus deu a ele, a forma do nariz que Deus deu a ele, a textura do cabelo que Deus deu a ele, a cor da pele que Deus deu a ele, você comete o pior dos crimes que uma raça de pessoas pode cometer. E esse é o crime que você cometeu.

Nossa cor tornou-se uma prisão, uma prisão psicológica. Nosso sangue – sangue americano – tornou-se uma prisão psicológica, uma prisão porque nós fomos humilhados nisso. E mesmo aqueles que dirão isso em seu rosto, e dirão que não foram eles; foram eles! Nós nos sentimos capturados porque nossa pele era negra. Nós nos sentimos capturados porque nós temos sangue africano em nossas veias.

Isso é como você nos aprisionou. Não apenas trazendo-nos para cá e fazendo-nos escravos. Mas a imagem que você criou de nossa terra-mãe e a imagem que você criou de nossas pessoas daquele continente foi uma armadilha, era uma prisão, era uma algema, era a pior forma de escravidão que alguma vez foi inventada por uma raça chamada civilizada e uma nação civilizada desde o começo do mundo.

E você ainda vê o resultado disso entre nosso povo. Nesse país hoje. Porque nós odiamos o nosso sangue africano, nos sentimos inadequados, nos sentimos inferiores, e nos sentimos abandonados. E em nosso estado de abandono, nós não caminharíamos por nós mesmos, nos inclinamos a vocês por ajuda, e então você não nos ajudaria. Nós não nos sentimos adequados. Inclinamo-nos para você por conselho e você dá-nos um conselho errado. Inclinados a você por direção e você mantém-nos em círculos.

Mas a mudança aconteceu. Em nós. E de quê? Voltando a 1955 na Indonésia – Bandung – eles tiveram uma conferência de pessoas de peles escuras. As pessoas da África e da Ásia ficaram juntas pela primeira vez em séculos. Elas não tinham armas nucleares, elas não tinham esquadrilha de aviões, nem de navios. Mas elas discutiram a situação angustiante delas e descobriram que havia uma coisa que todos nós tínhamos em comum – opressão, exploração, sofrimento. E nós tínhamos um opressor comum, um explorador comum.

Se um irmão veio do Quênia e chamou seu opressor um homem inglês; outro veio do Congo, ele chamou seu opressor um belga; outro veio da Guiné, ele chamou seu opressor de francês. Mas quando você trouxe os opressores juntos, havia uma coisa que todos eles tinham em comum, eles eram todos da Europa. E estes europeus eram opressores dos povos da África e da Ásia.

E já que nós podíamos ver que havia opressão em comum e exploração em comum, tristeza e desolamento e desgosto em comum, nosso povo começou a reunir-se e estabeleceu a Conferência de Bandung, que era hora de esquecermos nossas diferenças. Nós tínhamos diferenças. Alguns eram Budistas, alguns eram Hindus, alguns eram Cristãos, alguns eram Muçulmanos, alguns não tinham nenhuma religião. Alguns eram socialistas, alguns eram capitalistas, alguns eram comunistas, e alguns não tinham nenhuma organização. [gargalhada]. Mas com todas essas diferenças que existiam, eles concordaram em uma coisa, o espírito de Bundung foi, de lá pra frente, desenfatizar as áreas de diferença e enfatizar as áreas que tinham em comum.

E este era o espírito de Bandung que alimentou as chamas de nacionalismo e liberdade não apenas na Ásia, mas especialmente no continente africano. De 1955 a 1960 as chamas de nacionalismo, independência no continente africano, tornaram-se tão claras e tão furiosas, que elas eram capazes de queimar e causar sofrimento agudo a qualquer coisa que entrasse em seu caminho. E esse mesmo espírito não parou no continente africano. E de um modo ou de outro, escorregou para dentro do Hemisfério Oeste e entrou no coração e na mente e na alma do homem negro no Hemisfério Oeste que supostamente tinha sido separado do continente africano por quase quatrocentos anos.

Mas o mesmo desejo por liberdade que moveu o homem negro no continente africano começou a queimar no coração e na mente e na alma do homem negro aqui, na América do Sul, América Central e América do Norte, mostrando-nos que nós não estávamos separados. Apesar de que havia um oceano entre nós, nós ainda éramos movidos pela mesma pulsação do coração.

O espírito de nacionalismo no continente africano começou a destruir os poderes, os poderes coloniais. Eles não podiam estar lá. A Inglaterra entrou em problemas no Quênia, Nigéria, Tanzânia, Zanzibar, e outras áreas do continente. A França entrou em problemas na França Equatorial inteira no Oeste da África, incluindo Algeria, tornou-se um problema reconhecido para a França. O Congo não permitiria por mais tempo nenhum o belga ficar lá. O continente africano inteiro tornou-se explosivo de 1954-1955 até 1959. Por 1959 eles não podiam ficar lá por mais tempo.

Isso não era o que eles queriam fazer. Isso não era que todos de repente tornaram-se benevolentes. Isso não era que todos de repente tinham cessado de esperar a exploração do homem negro pelos seus recursos naturais. Mas era o espírito de independência que estava queimando no coração e na mente do homem negro. Ele não por muito tempo permitiria que ele mesmo fosse colonizado, oprimido e explorado. Ele foi prestativo ao pôr sua vida abaixo e tomar as vidas daqueles que tentaram tomar a sua, que era um espírito novo.

O poder colonial não saiu. Mas o que eles fizeram? Sempre que uma pessoa está jogando basquete, se você olha para ele, se os jogadores do time oposto cercam-no e ele não quer livrar-se de ou jogar a bola fora, ele tem que passá-la para alguém que está livre, que é do mesmo time como ele. E desde que Bélgica e França e Inglaterra e esses outros poderes coloniais foram cercados – eles foram exibidos como poderes coloniais – eles tinham que descobrir alguém que estivesse ainda em lugar limpo, e o único em extensão de área limpa tanto quanto os africanos estavam preocupados eram os Estados Unidos. Então eles passaram a bola para os Estados Unidos. E esta administração pegou-a e correu como um maluco alguma vez já fez. [gargalhada e aplauso].

Já que eles pegaram a bola, eles estavam cientes de que seriam confrontados com um problema novo. O problema era que os africanos tinham acordado. E no seu acordar eles não estavam amedrontados. E porque os africanos não estavam com medo, era impossível para os poderosos Europeus ficar naquele continente pela força. Então nosso Departamento de Estado, pega a bola e na sua nova análise, eles compreendem que eles tinham que usar uma nova estratégia se eles iriam substituir os poderosos coloniais da Europa.

Qual era a sua estratégia? A aproximação “amigável”. Em vez de mover-se lá com os dentes cerrados, eles iniciariam sorrindo para os africanos. “Nós somos seus amigos”. Mas em ordem para convencer o Africano de que ele era seu amigo ele teve que iniciar fingindo como se eles fossem nossos amigos.

Você não ontem o sorriso do homem para você porque você estava brabo, não. Ele estava tentando impressionar o seu irmão do outro lado do mar. Ele sorriu para você para fazer o seu sorriso consistente. Ele iniciou usando uma aproximação amigável lá. Uma aproximação de boa vontade. Uma aproximação filantrópica. Chamo isso de colonialismo beneficente. Imperialismo filantrópico. Humanitarismo apoiado pelo dolarismo. Simbolismo. Essa é a aproximação que eles usaram. Eles não foram para lá com boas intenções. Como você sairia daqui e iria para o continente Africano com Corpos de Paz e Encruzilhadas e esses outros equipamentos quando você está enforcando as pessoas negras no Mississipi? Como poderia você fazer isso? [aplauso].

Como você poderia treinar missionários, supostamente lá para ensinar a eles sobre Cristo, e não deixaria um homem negro na sua igreja de Cristo como aqui em Rochester, muito menos no Sul. [aplauso]. Você sabe, essas são algumas coisas para pensar sobre. Fazem-me ficar furioso quando eu penso nisso. [gargalhada].

De 1954 a 1964 pode facilmente ser considerado como a era dos estados emergentes da África. E como os estados Africanos emergiram de 1954 a 1964, qual o impacto, qual o efeito que teve sobre os Afro-americanos, o americano Negro? Como o homem negro na África obteve independência, isso o pôs em uma posição de ser dono de fazer sua própria imagem. Até 1959 quando você e eu pensávamos em um africano, nós pensávamos em alguém despido, vindo com os “tom-toms”, com ossos em seu nariz. Oh, sim! [gargalhada].

Essa era a única imagem que você tinha na sua mente de um africano. E de 1959 em diante, quando eles começam a vir para dentro da UN e você vê eles na televisão, você fica chocado. Aqui estava um africano que podia alar inglês melhor do que você. Ele fazia mais senso do que você. Ele tinha mais liberdade do que você. [aplauso]. Porque nos lugares onde você não podia ir, tudo que ele tinha que fazer era vestir suas roupas e caminhar para frente além de você. [gargalhada e aplauso].

Isso tinha que mexer com você. E foi apenas quando você se tornou chocado que você começou a acordar realmente. [gargalhada].

Então como as nações Africanas obtiveram sua independência e a imagem do continente Africano começou a mudar pelo mesmo grau que a imagem da África trocou de negativa para positiva, subconscientemente, o homem negro pelo Hemisfério Oeste inteiro, no subconsciente de sua mente, começou a se identificar com essa imagem Africana positiva que emergia.

E quando ele viu o homem negro no continente Africano adquirindo resistência, isso fez ele encher-se de desejo também de adquirir resistência. A mesma imagem, a mesma – justo como a imagem Africana era negativa, e você obtém esse chapéu velho na mão, compromisso, olhar horrível – nós estávamos do mesmo jeito. Mas quando nós começamos a ler sobre Jomo Kenyatta e os Mau Mau e outros, então você descobre pessoas negras nesse país começar a pensar ao longo da mesma linha. E mais rigorosamente ao longo da mesma linha de que alguns deles realmente querem admitir.

Quando eles viram – exatamente como eles tinham que mudar sua aproximação com as pessoas no continente Africano, eles também então começaram a mudar sua aproximação com nossas pessoas neste continente. Como eles usavam simbolismos e todas outras aproximações amigáveis, beneficente, filantrópicas no continente Africano, que eram apenas sinal de empenho, eles começaram a fazer a mesma coisa conosco aqui nos Estados Unidos.

Simbolismo. Eles surgiram com todos os tipos de programas que não eram realmente designados para resolver os problemas de qualquer pessoa. Cada movimento que eles fizeram foi um movimento de símbolo. Eles nunca fizeram um movimento real de descida na terra por uma vez para realmente resolver problemas. Eles surgiram com uma decisão de dessegregação da Suprema Corte que eles não tinham posto em prática ainda. Nem mesmo em Rochester, muito menos no Mississipi. [aplauso].

Eles trapacearam as pessoas no Mississipi tentando fazer parecer que eles estavam indo integrar a Universidade do Mississipi. Eles trouxeram um Negro para a Universidade auxiliados por cerca de 6.000-15.000 soldados, eu acho que foi isso. E eu acho que isso custou seis milhões de dólares. [gargalhadas]. E três ou quatro pessoas morreram na ação. E isso foi apenas uma ação. Agora, pense você, e depois um deles vem, eles dizem que há integração no Mississipi. [gargalhada].

Eles fincaram dois deles na escola na Geórgia e disseram que havia integração na Geórgia[83]. Porque, você deveria ser humilhado. Realmente, se eu fosse branco, eu seria tão humilhado que eu rastejaria sob um tapete felpudo. [gargalhada e aplauso].

E eu me sentiria tão baixo enquanto eu estivesse sob o tapete que eu não sairia de corcunda. [gargalhada].

Esse simbolismo, esse simbolismo era um programa que foi designado auxiliar apenas um punhado de negros selecionados. E esses negros selecionados eram dados com destaques positivos, e então eles eram usados para abrir suas bocas e dizer ao mundo, “vejam quanto progresso está sendo feito.” [gargalhada]. Ele deveria dizer, vejam quanto progresso ele está fazendo. [gargalhada]. Por enquanto esses negros selecionados estão comendo o porco, esfregando o cotovelo com pessoas brancas [gargalhada], sentado em Washington D.C., as massas de pessoas negras no país continuam a viver em bairros pobres e em guetos. [aplauso]. Essas massas de pessoas negras nesse país permanecem desempregadas, e as massas de pessoas negras neste país continuam a ir para as piores escolas e a obter a pior educação.

Junto durante o mesmo tempo apareceu um movimento conhecido como movimento Negro Muçulmano. O movimento Negro Muçulmano fez isto: até o tempo em que o movimento Negro Muçulmano veio para a cena, o NAACP era considerado como radical. [aplauso]. Eles queriam investigar isso. Eles queriam investigar isso. CORE [Congresso da Igualdade Racial] e todo o resto deles estava sob suspeita, sob suspeição. De King não era ouvido. Quando o movimento Negro Muçulmano progrediu falando que King de falar que eles falaram, [gargalhada] o homem branco disse, “obrigado, Deus, pela NAACP!” [gargalhada e aplauso].

O movimento Negro Muçulmano fez a NAACP aceitável para as pessoas brancas. Isso fez seus líderes aceitáveis. Eles então começaram a referir a eles como líderes negros responsáveis. [gargalhada]. Que significou que eles eram responsáveis pelas pessoas brancas. [gargalhada e aplauso]. Agora eu não estou aceitando a NAACP. Eu estou apenas dizendo a vocês sobre isso. [gargalhada]. E o que faz isso tão mau: você não pode negar isso. [Malcolm gargalha; gargalhadas na platéia].

Então essa é a contribuição que aquele movimento fez. Isso assustou muitas pessoas. Muitas pessoas que não agiriam certo fora do amor começam a agir certas fora do medo. Porque Roy [Wilkins] e [James] Farmer e alguns dos outros costumavam dizer para as pessoas brancas, “olhem se vocês não agirem certo por nós, vocês vão ter de ouvir deles.” Eles acostumaram-nos a melhorar a própria posição deles, regatear sua própria posição.

Então nenhum problema que você pense da filosofia do movimento Negro Muçulmano, quando você analisar a participação que ele desempenhou na luta das pessoas negras durante os últimos doze anos, você tem que pô-lo no seu próprio contexto e vê-lo na sua própria perspectiva.

O movimento ele mesmo atraiu a maioria dos militantes, a maioria insatisfeita, a maioria descompromissada com elementos da comunidade negra. E também os elementos mais jovens da comunidade negra.

E como esse movimento cresceu e atraiu tanto um militante, descompromissado, elemento insatisfeito, o movimento ele mesmo era supostamente baseado na religião Islamita e por essa razão supostamente um movimento religioso. Mas porque o mundo do Islamismo ou o mundo ortodoxo muçulmano nunca aceitaria o movimento Negro Muçulmano como uma genuína parte dele, eles põem isso de nós que seríamos nisso uma espécie de vácuo religioso. Isso põem-nos em uma posição de identificar nós mesmos pela religião, enquanto o mundo no qual essa religião foi praticada rejeitou-nos como não sendo praticantes legítimos, praticantes dessa religião.

Também o governante tentou manipular-nos e rotular-nos como político do que religioso, então eles poderiam nos cobrar por agitação da ordem pública e subversão. Essa é a única razão. Mas embora nós sejamos rotulados políticos, porque nós nunca fomos permitidos tomar parte na política, nós estamos num vácuo politicamente. Nós fomos num vácuo religioso. Nós fomos num vácuo político. Nós fomos atualmente alienados, tirados de todo tipo de atividade com o mundo que nós estávamos lutando contra.

Nós nos tornamos uma espécie de uma híbrida religião-política, tudo de nós mesmos. Não envolvidos em nada, mas apenas resistindo em trabalhos suplementares condenando tudo. Mas sem posição para corrigir nada porque nós não podíamos tomar ação.

Ainda no mesmo ritmo, a essência do movimento era tal que atraía os ativistas. Aqueles que queriam agir. Aqueles que queriam fazer alguma coisa a cerca dos maus que confrontavam todas as pessoas negras. Nós não estávamos particularmente preocupados com a religião do homem negro. Porque se ele era um Metodista ou um Batista ou um ateísta ou um agnóstico, ele se encontrava no mesmo inferno.

Então nós podíamos ver que nós tínhamos que ter alguma ação, e aqueles de nós que éramos ativistas tornaram-se insatisfeitos, desiludidos. E finalmente a discórdia estabeleceu-se e eventualmente o racha. Aqueles que saíram eram os verdadeiros ativistas do movimento, que eram inteligentes bastantes para quererem algum tipo de programa que nos habilitaria lutar pelos direitos das pessoas negras aqui no Hemisfério Oeste.

Mas ao mesmo tempo, nós queríamos nossa religião. Então quando nós saímos, a primeira coisa que nós fizemos, reagrupamo-nos dentro de uma nova organização conhecida como Mesquita Muçulmana, quartel-general em Nova York. E nesta organização nós adotamos a verdadeira, religião ortodoxa do Islamismo, a qual é a religião da irmandade.

Então enquanto aceitava essa religião e estabeleciam uma organização em que poderia praticar a religião – e imediatamente essa Mesquita Muçulmana particular foi reconhecida e aprovada pela religião oficial do mundo muçulmano – nós compreendemos ao mesmo tempo que nós tínhamos um problema nessa sociedade que ia além de religião. E foi por essa razão que nós estabelecemos a Organização da Unidade Afro-americana, na qual qualquer um na comunidade poderia participar em um programa de ação designado para conduzir sobre o completo reconhecimento e respeito das pessoas negras como seres humanos.

E o lema da Organização da Unidade Afro-americana é “por quaisquer meios necessários.” Nós não acreditamos em combater em uma batalha na qual as regras básicas vão ser declaradas por aqueles que nos suprimiram. Nós não acreditamos que nós podemos executar uma luta tentando vencer a afeição daqueles que por longo tempo nos oprimiram e exploraram.

Nós acreditamos que nossa luta é justa. Nós acreditamos que nossos ressentimentos são justos. Nós acreditamos que o mal praticado contra as pessoas negras nesta sociedade é criminoso e que aqueles que contratam serviços tais como práticas criminosas são para ser considerados por eles mesmos como coisa nenhuma, mas criminosos. E nós acreditamos que nós estamos com nossos direitos para lutar com estes criminosos por todos os meios necessários.

Isso não significa que nós somos pela violência. Mas nós temos visto que o governo federal tem mostrado sua incapacidade, sua absoluta indisposição, para proteger as vidas e a propriedade das pessoas negras. Nós temos visto onde racistas brancos organizados, homem da Klan, homem do Conselho de Cidadãos, e outros podem vir para dentro da comunidade Negra e pegar um homem negro e fazê-lo desaparecer e nada será feito sobre isso. Nós temos visto que eles podem entrar. [aplauso].

Nós reanalisamos nossa condição. Quando nós voltamos a 1939, pessoas Negras na América estavam usando sapatos. Alguns dos mais educados estavam usando – no Michigan, de onde eu vim, em Lansing, a capital, o melhor trabalho que você podia obter na cidade era carregando bandejas para fora no country club para as refeições das pessoas brancas. E normalmente o garçom no country club era considerado como o grande carregador da cidade porque ele tinha um bom trabalho ao redor de pessoas brancas “boas”, você entende. [gargalhada]. Sim.

Ele teve a melhor educação, mas ele teria que estar com sapatos brilhando na State House, o Capitólio. Lustrar os sapatos do governador e os sapatos do procurador-geral, e isso fazia dele um conhecedor, você sabe, porque podia lustrar os sapatos das pessoas brancas que estavam em lugares grandes. Quando qualquer pessoa da cidade queria saber o que era feito na comunidade Negra, ele era seu contato. Ele era quem sabia como o “negro da cidade,” o líder Negro. E aqueles que não estavam lustrando sapatos, os pregadores, também tinham uma grande voz na comunidade. Isso é tudo que eles nos deixavam fazer lustrar sapatos, esperar na mesa, e pregar. [gargalhada e aplauso].

Em 1939, antes de Hitler ter se baseado em violência, ou mais precisamente no tempo – sim, antes de Hitler ter se baseado na violência, um homem negro não podia mesmo trabalhar em uma fábrica. Nós éramos a vala do campo aurífero na WPA[84]. Alguns de vocês esqueceram bem rápido. Nós éramos a vala do campo aurífero no WPA. Nossa comida veio da prosperidade que estava gravada “não ser vendida.” Eu obtive muitas coisas do depósito chamado “não ser vendido,” eu pensava que era um depósito em algum lugar. [gargalhada e aplauso].

Essa é a condição que o homem negro está, e essa era até 1939. Em 1940, quando a guerra – em 1941, quando a guerra – Não, Hitler baseou-se na violência, eu acho, em 1939. Até a guerra ter começado, nós estávamos confinados nessas tarefas domésticas. Quando a guerra começou, eles mesmos não nos levariam para o exército. Um homem negro não era destacamento militar. Ele era ou ele não era? [da platéia: “Não!”] Não! Você não poderia juntar-se à marinha de guerra. E eles não destacariam um negro. Isso foi recentemente em 1939 nos Estados Unidos da América! Eles ensinaram você cantar “encantada terra da liberdade” e o resto disso recheio.

Não! Você poderia juntar-se à marinha de guerra. Você não poderia juntar-se à marinha de guerra. Eles mesmos não destacariam você. Eles apenas levam pessoas brancas. Eles não iniciaram destacando-nos até o líder Negro abrir sua boca grande, [gargalhada] dizendo em torno de “se pessoas brancas devem morrer, nós devemos morrer também[85].” [gargalhada e aplauso]. O líder Negro obteve todos os negros mortos na segunda guerra mundial que nunca tinham que morrer.

Então, quando a América entrou na guerra, imediatamente ela foi enfrentada com a escassez de seres humanos. Até a época da guerra, você não poderia entrar na fábrica. Eu vivi em Lansing, onde era a fábrica da Oldsmobile e da Reo. Havia cerca de três em toda a fábrica e cada um deles tinha uma vassoura. [gargalhada]. Eles tinham educação. Eles tinham ido à escola. Eu acho que um tinha o segundo grau. Mas ele era um “varredor.” [gargalhada].

Quando o tempo endureceu e havia escassez de seres humanos, então eles permitiram-nos nas fábricas. Não completamente sem nenhum esforço de nós mesmos. Não completamente sem nenhum despertar moral repentino de nossa parte. Eles precisam de nós. Eles precisam de seres humanos, qualquer tipo de ser humano. E quando eles ficaram desesperados e em necessidade, eles abriram as portas das fábricas e nós entramos.

Então nós começamos a aprender como operar as máquinas. Então nós começamos a aprender como operar as máquinas, quando eles precisaram de nós. Inseriram nossas mulheres bem como nossos homens. Assim nós aprendemos a operar as máquinas, nós começamos a fazer mais dinheiro. Assim nós começamos a fazer mais dinheiro, nós estávamos aptos a viver em uma pequena vizinhança melhor. Quando nos mudamos para uma pequena vizinhança melhor, nós fomos para uma pequena escola melhor. E quando nós fomos para uma escola melhor, nós obtivemos um pouco de educação melhor e obtivemos uma pequena posição melhor e obtemos um pequeno trabalho melhor.

Isso não era mudança de coração em nossa parte. Isso não era o acordar repentino de nossa consciência moral. Isso era Hitler. Isso era tojo[86]. Isso era Stalin. Sim, isso era pressão de fora, a nível mundial, que habilitou você e eu a dar poucos passos à frente.

Por que eles não nos destacariam e não nos inseririam no exército em primeiro lugar? Eles tinham nos tratado tão mal, eles estavam com medo que se eles nos inserissem no exército e nos entregassem uma arma e nos mostrassem como atirar com ela – [gargalhada] eles temiam que eles não teriam que dizer em que atirar. [gargalhada e aplauso]. E provavelmente eles não teriam tido. Era a consciência deles.

Então eu aponto isso para mostrar que não era mudança de coração por parte do Tio Sam que permitiu alguns de nós irmos poucos passos para frente. Isso foi pressão mundial. Isso foi ameaça de fora, perigo de fora que fez isso – que ocupou a mente dele e o forçou a permitir você e eu ficar de pé um pouco mais alto. Não porque ele nos queria em pé. Não porque ele nos queria para frente. Ele foi forçado.

E uma vez que você analisar adequadamente os ingredientes que abriram as portas mesmo na etapa que elas estavam abertas quebradas, quando você vê o que era, você entenderá melhor sua posição hoje. E você entenderá melhor a estratégia que você necessita hoje. Qualquer tipo de movimento por liberdade das pessoas negras baseado apenas com a limitação da América está absolutamente condenado a falir. [aplauso].

Já que seu problema é combatido dentro do contexto americano, tudo que você pode obter como aliados são cidadãos americanos. Já que você chamou isso de direitos civis, isso é um problema doméstico dentro da jurisdição do governo dos Estados Unidos. E o governo dos Estados Unidos compõe-se de segregacionistas, racistas. Porque, os homens mais poderosos no governo são racistas. Este governo é controlado por trinta e seis comitês, doze comitês parlamentares e dezesseis comitês setoriais. Treze dos vinte membros do Congresso que acumulavam os comitês parlamentares são do Sul. Dez dos dezesseis Senadores que controlam os comitês do Senado são do Sul. O que significa que dos trinta e seis comitês que controlam as informações externas e domésticas, e a índole do país no qual nós vivemos, dos trinta e seis, vinte e três deles estão nas mãos de racistas. Francamente, pedra-fria, segregacionistas mortos. Isso é o que você e eu temos que lutar contra. Nós estamos em uma sociedade onde o poder está nas mãos daqueles que são a pior espécie da humanidade.

Agora como nós vamos tirar vantagem? Como nós vamos obter justiça no Congresso que eles controlam? Ou no Senado que eles controlam? Ou na Casa Branca que eles controlam? Ou da Suprema Corte que eles controlam?

Você diz, “Bem, olhe para a decisão bonita que a Suprema Corte legou.” Irmão, olhe para isso! Você não sabe que esses homens da Suprema Corte são mestres da legalidade – não apenas de lei, mas de fraseologia lícita. Eles são tão mestres da linguagem lícita que eles poderiam muito facilmente ter legado uma decisão de dessegregação na educação então redigida que ninguém poderia ser enganado. Mas eles surgiram com essas coisas redigidas de tal modo que aqui dez anos passaram, e há todo tipo de brechas nela. Eles sabem o que eles estão fazendo. Eles fingem dar a você alguma coisa enquanto sabem todo o tempo que você não pode utilizar isso.

Eles vieram no último ano com um projeto de lei dos direitos civis que eles divulgaram em todo redor do mundo como se isso os levasse para a terra prometida da integração. Oh sim! Recém na última semana, o Reverendo direitista Dr. Martin Luther King saiu da prisão e foi para Washington, D.C., dizendo que ele vai pedir cada dia por uma nova legislação para proteger os direitos de voto para as pessoas negras no Alabama. Por quê? Você recém teve legislação. [gargalhada]. Você recém teve um projeto de lei dos direitos civis. Você tem em mente dizer-me que aquele projeto de lei dos direitos civis altamente anunciado não dá mesmo ao governo federal suficiente poder para proteger as pessoas negras no Alabama que não querem fazer coisa alguma senão registro? Por que, isso é outro truque repugnante, o mesmo que você trapaceou-nos ano a ano. Outro truque repugnante. [aplauso].

Então, desde que nós vimos – eu não quero que você pense que eu estou ensinando a odiar. Eu amo todos que me amam. [gargalhada]. Mas eu certamente não amo aqueles que não me amam. [gargalhada].

Desde que nós vimos todos esses subterfúgios, essas fraudes, esses movimentos evasivos – isso não é apenas a nível federal, a nível nacional, a nível local, e todos os níveis. A geração jovem de Negros que surge agora pode ver que enquanto nós esperamos pelo Congresso e o Senado e a Suprema Corte e o presidente para resolver nossos problemas, ter-nos-ão indo em círculos por outros milhares de anos. E não há nenhum dia como esses.

Desde que o projeto de lei dos direitos civis – eu costumo ver diplomatas Africanos na UN (Nações Unidas) bradando contra as injustiças que foram sendo feitas às pessoas Negras em Moçambique, em Angola, no Congo, na África do Sul. E eu me perguntei por que e como eles podiam voltar para seus hotéis e ligar a TV e ver cães mordendo pessoas Negras logo embaixo no quarteirão e policiais esmagando o crânio de pessoas Negras com seus porretes logo embaixo no quarteirão, e colocando água de mangueira nas pessoas Negras com pressão tão alta que arrancava suas roupas fora, logo embaixo no quarteirão. E eu me perguntei como eles podiam falar tudo que falaram sobre o que estava acontecendo em Angola e Moçambique e todas essas outras situações de violência e ver isso acontecer logo embaixo no quarteirão e se levantar na tribuna das Nações Unidas e não dizer nada sobre isso.

Então eu fui e discuti isso com alguns deles. E eles disseram que enquanto o homem negro na América chama sua luta uma luta de direitos civis, que no contexto dos direitos civis isso é doméstico e fica na jurisdição dos Estados Unidos. E se algum deles abrir sua boca para dizer qualquer coisa sobre isso, é considerada uma violação das leis e regras do protocolo. E a diferença com as outras pessoas era que eles não chamavam seus ressentimentos de ofensas aos direitos civis, eles as chamavamelas de ofensas aos direitos humanos. “Direitos civis” são com a jurisdição do governo onde eles estão envolvidos. Mas “direitos humanos” é parte da Carta das Nações Unidas.

Todas as nações que assinaram a Carta das Nações Unidas cresceram com a Declaração dos Direitos Humanos, e qualquer um que classifique suas queixas sob o rótulo de violações dos direitos humanos, essas queixas podem então ser trazidas para as Nações Unidas e serem discutidas por pessoas de todo o mundo. Por enquanto você chama isso “direitos civis” seus únicos aliados podem ser as pessoas na comunidade próxima, muitas que são responsáveis por suas queixas. Mas quando você chama isso “direitos humanos,” isso se torna internacional. E então você pode levar seus problemas para a Corte Mundial. Você pode levá-los antes ao mundo. E qualquer pessoa em qualquer lugar nessa terra pode tornar-se seu aliado.

Então um dos primeiros passos que nos tornam envolvidos, aqueles de nós que entramos para a Organização da Unidade Afro-americana, foi crescer com um programa que faria nossas queixas internacionais e faria o mundo ver que nosso problema não era um problema negro ou um problema Americano, mas um problema humano. Um problema para a humanidade. E um problema que deveria ser atacado por todos os elementos da humanidade. Um problema que era tão complexo que era impossível para o Tio Sam resolvê-lo por si próprio. E por essa razão nós queremos introduzir um grupo ou consulta a pessoas que estão em tais posições que elas possam ajudar-nos a obter algum tipo de ajustamento para essa situação antes que se torne tão explosiva que ninguém possa segurá-la.

Obrigado. [aplauso]



[79] Democrata e Crônica Rochester, 17 de fevereiro de 1965.

[80] As relações de Malcolm com muitos ativistas da comunidade em Rochester existiam desde o início de 1963. Em resposta ao ataque policial à Mesquita Nacional do Islã, Malcolm foi para Rochester várias vezes para protestar contra a violência policial e organizar suporte para membros NOI acusados falsamente e mais tarde condenados em charges de distúrbios e assaltos. O caso prolongou-se monotonamente até 1966, quando o veredito foi derrubado por recorrer da sentença.

[81] Pano de fundo dos eventos no Congo é dado primeiramente na nota introdutória para discursos de Malcolm no Instituto Tuskegee intitulado “Elijah está disposto a sentar e esperar – eu não estou.”

[82] Washington lutou na guerra de 1950-53 na Coréia sob pretexto de ordem das Nações Unidas. Em 1950, as forças militares dos Estados Unidos chegaram à fronteira da Coréia com a República da China. O governo recentemente assentado em Beijing, informado de que forças poderosas em Washington estavam pressionando para prolongar a ofensiva para reduzir a revolução chinesa, entrou na guerra ao lado do exército de libertação Coreano. Em fevereiro de 1951, Washington obteve uma resolução aprovada na Assembléia Geral das Nações Unidas taxando a China como um “agressor”, a qual foi usada para bloquear sua admissão às Nações Unidas até 1971.

Em 1961 e começo de 1962, tropas na Província Katanga legais a Moise Tshombe chocaram-se com forças militares das Nações Unidas no Congo. Todavia, quando tshombe tornou-se líder do governo central em 1964, ele recebeu suporte político e militar do governo dos Estados Unidos e seus aliados.

[83] Em janeiro de 1961 dois estudantes negros matriculados na Universidade da Geórgia em Athens após a Corte Federal ordenar o fim da segregação. Elas foram suspensas, no entanto, por “seus seguranças pessoais,” quando várias centenas de alunos brancos amotinaram-se. Os estudantes negros retornaram para as aulas após ordem da Corte Federal para sua reintegração.

[84] Durante a Grande depressão de 1930, o governo federal organizou a Administração Progresso Trabalho (WPA), a qual empregou mais de dois milhões de pessoas, primeiramente com baixo-salário, sem habilitação, fazer trabalho de planejar.

[85] Para uma explanação da luta contra a discriminação racial no emprego, nas forças armadas, e através da sociedade americana durante a segunda guerra mundial, ver C.L.R. James e outros, Fighting Racism in World War II (Nova York: Pathfinder, 1980).

[86] Hideki Tojo era primeiro ministro do Japão durante a maior parte da segunda guerra mundial.