A Glencore é a maior acionista da Xstrata, com 34,5% do capital. Se a empresa aceitar receber todo o seu pagamento em ações da Vale, passará a ser a maior acionista da companhia brasileira, embora sem participação no bloco de controle. Se receber proporcionalmente (parte em dinheiro, parte em ações), será a segunda maior, atrás apenas da Previ.
Outros temores de pessoas próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva referem-se ao fato de que a Vale, se adquirir a Xstrata, passará a ter mais da metade de suas jazidas no exterior (o que aumentará os investimentos da companhia no mercado internacional) e à questão da desaceleração econômica mundial, que poderia afetar os preços das commodities e, por tabela, das mineradoras.
Para um executivo do setor financeiro, entretanto, é preciso ler os sinais. "O presidente Lula não iria se expor nesse caso. Ele não iria ter um jantar reservado com o Roger (Agnelli, presidente da Vale) para depois vetar a operação", explicou. Segundo ele, é possível que alguns membros do governo estejam enviando mensagens aos executivos da Vale de forma a fortalecer a posição da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) e do BNDES no bloco de controle.
O Valor apurou que oito bancos já fecharam o pacote de financiamento de US$ 50 bilhões para a Vale, com prazo de cinco anos e condicionado à manutenção do grau de investimento (classificação de risco que indica investimento seguro) pelas agências de rating. Cada um deles deve receber de US$ 6 milhões a US$ 8 milhões como comissão caso a operação seja bem-sucedida, além da rentabilidade do empréstimo.
Tudo conflui para uma iminente concretização da oferta de aquisição da Xstrata, afirma fonte que acompanha as negociações. "A auditoria dos ativos ("due diligence") já teria sido realizada pelo grupo executivo da Vale", afirmou. Um ponto crucial a ser definido ainda, afirma outra fonte, é a megaemissão de ações PNA, de pelo menos US$ 30 bilhões, que a Vale faria para completar o montante de recursos necessários a comprar 100% do capital da mineradora anglo-suíça. A oferta pela Xstrata deverá situar-se entre 43 e 46 libras por ação - total de US$ 83,2 bilhões a US$ 89 bilhões. Ontem, na Bolsa de Londres, o papel encerrou o dia a 37,18 libras, com queda de 0,03%.
Outra possível barreira ao negócio, a concentração das operações de produção de níquel no Canadá em poder de uma única companhia, praticamente estaria descartada. O argumento é que, no início de 2006, as autoridades antitruste dos EUA e da União Européia deram o sinal verde para uma fusão entre a Inco e a Falconbridge. Ambas eram alvo de ofertas hostis: a primeira por Teck Cominco e Phelps Dodge e a segunda pela Xstrata. A Vale entrou na disputa e acabou levando a Inco. A Falconbridge foi parar em mãos da Xstrata no segundo semestre de 2006.
A única exigência feita era a venda da refinaria de níquel da Falconbridge na Noruega, a Nikkelverk, e da unidade de venda de metais produzidos nessa unidade.
Fonte: Valor
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